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Publicado em 27/04/2017

Efeitos colaterais da quimioterapia: como amenizá-los

Efeitos colaterais da quimioterapia: como amenizá-los

A quimioterapia é um dos tratamentos mais conhecidos para o manejo de alguns tipos de neoplasias. E os efeitos colaterais da quimioterapia que todos conhecem é a queda de cabelo, náuseas e/ou vômitos. Mas há outros que podem surgir (que listamos abaixo) e causar incômodo. Isso acontece porque os medicamentos usados na quimioterapia atingem as células que formam o tumor, mas também as células sadias.

Como cada organismo reage de uma determinada forma ao composto, as reações adversas variam de pessoa para pessoa e desaparecem quando o tratamento termina. Até lá, é preciso estar preparado(a) para enfrentá-las e saber como amenizá-las para enfrentar o tratamento sem grandes desconfortos.

Soluções para os principais efeitos da quimioterapia

Alterações Sexuais

Ao perceber que o tratamento está influenciando na vida sexual, o recomendado é conversar com o médico. O profissional pode prescrever um produto para aliviar os sintomas, por exemplo. Outra sugestão é manter um diálogo honesto com o parceiro. Juntos, podem encontrar novas formas de se relacionar sexualmente.

Anemia

A quimioterapia pode diminuir a produção de glóbulos vermelhos e deixar o organismo deficiente. Isso se combate com uma boa alimentação. Uma dieta balanceada, composta por alimentos calóricos e proteicos, ajuda o organismo não só a se restabelecer, como também a manter o peso. O médico ou nutricionista são os mais indicados para orientar quanto o cardápio mais benéfico para esse caso.

Ansiedade

O tratamento do câncer desperta muitas incertezas com as quais, às vezes, é difícil de lidar e isso gera muita ansiedade. Para controlá-la, a dica é descobrir o que a está causando. Uma conversa com o médico, um psicólogo e a própria família pode ajudar nesse sentido. Encontrar formas de relaxar também, assim como se manter ativo e sociável.

Constipação

Também conhecida como prisão de ventre, a constipação é um efeito comum da quimioterapia e que pode ser contornado a partir da ingestão da quantidade adequada de líquidos, fibras e outros alimentos. Algumas frutas recomendadas nesses casos são ameixa, banana-d’água (nanica), abacaxi, melão, laranja, mexerica (bergamota ou tangerina), mamão, abacate, uva, manga, morango, kiwi e melancia. Dependendo do caso, pode ser necessário o uso de laxativos. Porém, é o médico que deve prescrevê-los.

Diarreia

A diarreia é uma consequência das alterações na mucosa do trato digestivo e na composição da flora intestinal que ocorrem em função da quimioterapia. Exige como principais cuidados hidratação e ingestão de alimentos com poucas fibras. Nessa condição, o melhor é consumir bananas, batatas e carnes. E quando não há melhora do quadro em até 24 horas, é preciso conversar com o médico.

Dor

A dor ocasionada pela quimioterapia pode se manifestar na cabeça, nas mãos, nos pés, músculos e estômago. É necessário descrever para o médico o local em que sente dor, duração, intensidade e o que já foi feito para amenizá-la. Suas orientações devem ser seguidas para alívio do sintoma.

Fadiga

Frequentemente relacionado ao tratamento do câncer, a fadiga é uma sensação constante de fraqueza, cansaço, indisposição, sonolência, falta de ânimo e de energia. Às vezes é mais comum em um determinado período do dia ou da noite. Assim, é possível usar os intervalos de tempo em que há mais disposição para realizar atividades pessoais ou profissionais.

Febre e infecções

A quimioterapia debilita as defesas do organismo, que fica vulnerável a infecções. A febre é o primeiro sinal de que algo está acontecendo. O médico precisa ser informado a respeito para intervir, quando for o caso. Algumas medidas preventivas também podem ser adotadas para proteger o organismo: lavar bem as mãos antes de comer, depois de ir ao banheiro, assoar o nariz, tossir espirrar ou tocar animais; evitar locais com grande aglomero de pessoas; e lavar bem os alimentos antes de comer.

Mucosite

No período do tratamento quimioterápico podem surgir pequenas feridas na mucosa da boca. O tratamento dessa condição é odontológico, mas há como aliviá-la. Uma dica é chupar gelo ou picolé durante o tratamento ou quando a boca estiver seca e irritada. Outra é evitar bebidas gasosas e alimentos ácidos, duros, secos, ásperos, muito condimentados ou apimentados.

Mudanças no sistema nervoso

Tontura, tremores, problemas de memória e depressão são alguns dos efeitos da quimioterapia no sistema nervoso. Quando um desses sintomas aparece o médico deve ser comunicado e algumas medidas de prevenção precisam ser adotadas: caminhar devagar, apoiado(a) em corrimões (quando der); usar tapetes antiderrapantes e calçados com sola de borracha; e anotar os medicamentos e horários em que devem ser tomados.

Náuseas e vômitos

Algumas pessoas podem nunca sentir esse efeito colateral, enquanto outras podem sofrer intensamente com ele. Há medicamentos para controle da náusea e outras formas de amenizar o desconforto. Uma recomendação é consumir alimentos e bebidas de fácil digestão. Outra é não ingerir muito líquido antes ou durante a alimentação. Manter a casa livre de odores também ajuda.

Neuropatia Periférica Induzida pela Quimioterapia

A neuropatia periférica induzida pela quimioterapia (NPIQ)  é uma condição associada à quimioterapia que pode gerar a sensação de formigamento, dormência, pontadas, ardência e aumento da sensibilidade à temperatura. Em algumas pessoas, desencadeia dor intensa e incapacitante. A medida para aliviar os efeitos é reduzir a dose de quimioterapia ou interromper o tratamento temporariamente. Fisioterapia, terapias complementares (como massagem e acupuntura) e medicamentos completam as alternativas existentes para abrandar a NPIQ.

Perda de apetite

A falta de apetite é um efeito colateral conhecido da quimioterapia. Compromete o peso e a disposição para desempenhar até mesmo as atividades mais agradáveis. E como ter energia é importante para o tratamento, o apetite precisa ser recuperado. Fazer pequenas caminhadas para abrir o apetite é uma opção. Um bom incentivo, também, é variar o cardápio e alimentar-se da forma correta. Isso significa ingerir os alimentos sólidos antes dos líquidos para não comprometer a sensação de saciedade.

Queda de cabelo

A quimioterapia danifica as células responsáveis pelo crescimento capilar, e causa a perda de cabelo ou modifica a cor e textura do fio. Em geral, o cabelo volta a crescer ao fim do tratamento. Mas enquanto o realiza, algumas pessoas optam por cortar o cabelo todo de uma vez e usar chapéus, bandanas  lenços ou perucas. Seja qual for a escolha, o importante é proteger o couro cabeludo, que pode estar sensível, e sentir-se bem.

Muita coisa pode acontecer durante a quimioterapia e pode parecer difícil ter de suportar tanta coisa. De fato, o tratamento de um câncer exige que se dê mais atenção à própria saúde e se tenha maior consciência do próprio organismo para que se possa reconhecer sinais e sintomas dos efeitos colaterais e tornar possível amenizá-los. Uma tarefa que parece árdua, mas que pode ficar ‘mais leve’ quando é dividida com médicos, nutricionistas, psicólogos e quem se ama. Aceitar ajuda nunca é demais.

 

Material escrito por:
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270

Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos.   Ver Lattes