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Por: - Urologista - CRM 1818 RQE 248
Publicado em 09/03/2018

Incontinência urinária feminina deve ser tratada por um Urologista

Incontinência urinária feminina deve ser tratada por um Urologista

Quem sofre de incontinência urinária tem a qualidade de vida afetada, pois esse é um problema urológico que compromete o bem-estar físico e emocional das mulheres. Pacientes vítimas de doenças neurológicas podem desenvolver o problema, mas ele também atinge a população feminina em qualquer idade.

Em uma pessoa com o trato urinário em perfeito funcionamento, a bexiga e o esfíncter (músculo que funciona como uma válvula que fecha a uretra, impedindo a saída da urina) atuam de forma coordenada.

O mecanismo de armazenamento e esvaziamento da bexiga depende do bom funcionamento de ambas as estruturas para ocorrer da maneira correta. Qualquer alteração que os impeça de desempenhar suas funções adequadamente pode resultar na incontinência urinária.

Ou seja, após os rins filtrarem a urina e o líquido escoar pelo ureter até chegar na bexiga, ele precisa ser eliminado por meio da uretra. Para que a bexiga possa armazenar os cerca de 600 mililitros (ml) de urina, e até que esse reservatório do organismo possa ser esvaziado, o esfíncter uretral precisa manter-se contraído para evitar a saída do líquido pelo canal e a bexiga, relaxada para poder preencher-se com a quantidade de urina que é capaz de acumular.

No momento em que acontece o esvaziamento, é a bexiga que se contrai e o esfíncter que relaxa para que a urina possa passar pelo canal. A incontinência urinária ocorre quando o esfíncter está, de alguma forma, debilitado e não consegue impedir a passagem da urina no momento em que ela deve permanecer na bexiga.

A maioria das pessoas possui completo controle sobre esse processo. Outras precisam lidar com os fatores que afetam seu domínio sobre as funções do trato urinário.

Incontinência urinária feminina afeta 50% das mulheres

Dados da Sociedade Internacional de Continência (ICS) registram que 50% das mulheres, após a menopausa, sofrem de algum tipo de incontinência urinária e que 40% das gestantes vão apresentar um ou mais episódios de incontinência urinária durante a gestação ou logo após o parto.

Essa perda involuntária de urina interfere na vida social e nas atividades rotineiras dessas mulheres. Ao apresentar a incontinência urinária, elas devem procurar um médico urologista, que é especialista no diagnóstico e tratamento das doenças do trato urinário.

O médico poderá identificar se é a redução dos níveis de estrogênio no organismo feminino que está influenciando no aparecimento da incontinência urinária em mulheres que vivenciam ou já vivenciaram a menopausa. A falta ou menor quantidade do hormônio interfere na vascularização dos músculos do assoalho pélvico e isso pode ser um fator que favorece o surgimento da incontinência.

O estrogênio deixa de ser produzido em maior quantidade a partir dos 35 anos e essa queda é gradativa até os 65 anos. O envelhecimento também pode estar associado ao desenvolvimento da incontinência, pois conforme a idade da mulher avança e o organismo sofre as perdas naturais, o corpo torna-se mais suscetível à manifestação de sintomas como aumento da frequência, urgência e dificuldade para urinar.

O peso do bebê e o útero distendido, que exercem certa pressão sobre a bexiga, são dois dos fatores que fazem com que mulheres grávidas tenham de lidar com a incontinência urinária no final da gestação. As alterações hormonais são outro fator que pode gerar o desencadeamento do quadro de incontinência. Há a possibilidade de o problema persistir após o parto.

Sintomas da incontinência urinária feminina

Os sintomas de perda involuntária de urina podem ser causados por diferentes doenças. Alguns deles são transitórios e facilmente tratáveis.

A mulher deve desconfiar de que detém incontinência urinária quando percebe que ocorre uma perda do líquido ao fazer esforços como carregar peso, correr, tossir e espirrar. A vontade urgente de ir ao banheiro para urinar, associada a um subsequente escape de urina, é outro sinal que alerta para a possibilidade de o organismo estar sendo afetado pela incontinência.

Normalmente, as mulheres relatam esses sintomas para seu médico ginecologista, que deve encaminhar a paciente ao urologista para que este faça a avaliação do quadro e conduza o tratamento adequado. As mulheres não podem concluir que a perda involuntária de urina é normal ao envelhecer e não tratar as causas do problema.

Causas da incontinência urinária feminina

Há diversas causas para a incontinência urinária feminina. A mais frequente é o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico. Outras são:

 

  • bexiga hiperativa;
  • fraqueza dos músculos que sustentam a bexiga (“bexiga caída” e incontinência urinária de esforço);
  • fraqueza do músculo esfincteriano;
  • malformação congênita ;
  • doenças e lesões da medula (traumatismos raquimedulares);
  • cirurgias sobre a bexiga, órgãos genitais femininos e outros órgãos pélvicos;
  • doenças que afetam os nervos ou músculos (acidente vascular cerebral (AVC)), esclerose múltipla, poliomielite, distrofia muscular, etc.);
  • predisposição genética;
  • disfunções hormonais;
  • tabagismo;
  • obesidade;
  • uso de medicamentos;
  • prisão de ventre;
  • doenças que afetam nervos ou músculos;
  • obstrução do canal urinário;
  • diabetes.

Tipos de incontinência urinária (IU)

Incontinência urinária de esforço

É quando há perda de urina ao tossir, rir, fazer exercício físico, etc..

Incontinência urinária de urgência

Ocorre quando há súbita vontade de urinar e a pessoa não consegue chegar a tempo ao banheiro.

Incontinência urinária de mista

É a associação dos dois tipos anteriores.

Tratamento

Novas terapias, tanto cirúrgicas como não-cirúrgicas, estão sendo constantemente desenvolvidas para o tratamento da incontinência urinária. Dentre as terapias possíveis estão a reabilitação da musculatura do assoalho pélvico (fisioterapia uroginecológica), medicamentos e cirurgias.

As cirurgias estão aumentando gradativamente os índices de cura, apresentam menos complicações e pouco tempo de internação. Na maior parte dos casos, as pacientes passam somente um dia no hospital.

Ter em mente que a incontinência urinária é anormal em qualquer idade, é tratável e, quase sempre, curável, mesmo no idoso frágil, é muito importante para as pacientes que enfrentam dificuldade para armazenar a urina. Informe-se mais sobre esse e outros assuntos ligados à saúde urológica em nosso blog.

 

Material escrito por:
- Urologista - CRM 1818 RQE 248

Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Edemir Westphal é especialista em urologia pelo Hospital Governador Celso Ramos e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Urologia.