Por: Dr. Luís Felipe Piovesan
Publicado em 12/01/2016
Que a atividade física deve fazer parte de uma vida saudável, todo mundo já sabe. Mas o quanto ela beneficia o organismo é realmente de conhecimento de todos? Independente da resposta, o que importa de fato é relembrar ou esclarecer o tanto que a prática de exercícios é benéfica para a prevenção de várias doenças, evitando, inclusive, o surgimento do câncer.
De acordo com dados publicados no Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health, da Organização Mundial de Saúde (OMS), a previsão é de que até 2020 o câncer atinja cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a doença já é a segunda maior causa de morte da população.
Embora a herança genética seja um fator de grande relevância para o desenvolvimento do câncer, o sedentarismo e o estilo de vida irregular são fatores que têm contribuído para a incidência crescente da doença. O sobrepeso, a obesidade e os elevados percentuais de gordura centralizada estão relacionados entre 25 e 35% dos casos, aproximadamente.
A atividade física praticada regular e corretamente está relacionada à redução dos riscos de câncer em até 30%, além de ser um efetivo mecanismo no controle de peso e uma forma de preservar as funções fisiológicas e metabólicas do organismo.
Os departamentos de saúde pública, institutos de pesquisas e organizações de combate ao câncer sugerem a prática de exercícios de intensidade moderada a vigorosa por, no mínimo, 30 minutos, duas vezes por semana. A atividade constante faz com que o organismo aproveite melhor a energia e os extratos metabólicos, e fortaleça o sistema imunológico. Dessa forma, fica mais resistente às ações dos carcinógenos.
Outra vantagem do bom condicionamento é tornar o corpo mais sensível a alterações ou modificações, o que favorece a constatação antecipada de manifestações da doença.
Os exercícios contribuem tanto para a manutenção da força muscular, quanto do bem-estar e da qualidade de vida. A atividade física diária mantém e até aumenta os níveis de energia, e, consequentemente, a disposição para os momentos de lazer.
A realização dos exercícios influencia ainda na melhora do apetite, na autoestima e na auto-percepção. Sem contar que promovem o aumento do consumo da glicose, diminuindo os níveis do carboidrato e de insulina circulantes no organismo, o que reduz a oferta de substratos às células tumorais.
Em síntese, a atividade física mostra-se preventiva ao câncer por ativar mecanismos biológicos atuantes no sistema imunológico. Porém, só é realmente eficaz quando feita com suporte de um profissional da área. O ideal é ter o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, pois quando é feito de modo inadequado, o exercício físico deixa de ser benéfico podendo oferecer enorme risco à saúde.
Material escrito por: Dr. Luís Felipe Piovesan
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270
Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos. Ver Lattes