Artigos

Artigos

Por: - Urologista - CRM/SC 12492 RQE 10675
Publicado em 13/02/2018

Câncer de bexiga: Quais sintomas alertam para a doença?

Câncer de bexiga: Quais sintomas alertam para a doença?

O câncer de bexiga é o tumor mais comum do sistema urinário, sendo mais prevalente em homens, principalmente a partir dos 50 anos. O principal fator de risco para desenvolvê-lo é o tabagismo. Quem fuma apresenta até quatro vezes mais chances de desenvolver esse tipo de tumor. Indivíduos que são tabagistas há muito tempo, tem até dez vezes mais probabilidade de ter um câncer de bexiga do que quem não fuma.

Um tumor na bexiga se desenvolve quando as células do órgão começam a crescer de forma anormal. Ao invés de se proliferar e se dividir de forma ordenada, estas células desenvolvem mutações que fazem com que cresçam fora de controle. Da união delas é que se forma o câncer.

O câncer de bexiga no Brasil

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos no Brasil, anualmente, é de cerca de 9 mil diagnósticos de câncer de bexiga, sendo mais de seis mil em homens e acima de dois mil em mulheres.

Sinais e sintomas do câncer de bexiga

A maior parte dos tumores de bexiga são diagnosticados na fase inicial, quando o câncer de bexiga é altamente tratável e apresenta grande chance de cura.

Fique atento aos principais sintomas da doença:

  • sangue na urina (hematúria);
  • aumento da frequência das micções, com sensação de urgência;
  • dor ao urinar;
  • dor nas costas;
  • dor pélvica;
  • dores nas costas;
  • sensação de cansaço e fadiga;
  • perda de peso acentuada.

Algumas vezes, o sangramento na urina é tão discreto que só pode ser evidenciado no exame de urina (isso é chamado de hematúria microscópica). Ao observar hematúria, bem como qualquer um dos outros sintomas, é necessário procurar um médico urologista. Ele irá avaliar o quadro e indicar os exames necessários para o diagnóstico.

Diagnóstico do câncer de bexiga

Quando diagnosticado, o tumor pode se enquadrar em cinco estágios diferentes:

Fase I

O câncer nesta fase ocorre no revestimento interno da bexiga, mas ainda não invadiu a parede muscular da bexiga.

Fase II

Nesta fase o câncer já invade a parede da bexiga, mas ainda está confinado somente a este órgão.

Fase III

As células cancerosas se espalharam, através da parede da bexiga, para o tecido circundante. Eles também podem ter se espalhado para a próstata, nos homens, ou para o útero ou vagina, nas mulheres.

Fase IV

Nesta fase, as células cancerosas podem ter se espalhado para os nódulos linfáticos e/ou outros órgãos, como os pulmões, ossos ou fígado.

 

Tipos de Câncer de bexiga

A classificação do câncer de bexiga varia de acordo com o tipo de célula alterada. A doença pode se manifestar de três diferentes formas:

Adenocarcinoma

As primeiras manifestações ocorrem nas células secretoras ou glandulares. O surgimento dos primeiros sintomas pode estar ligado a um longo período de infecção ou inflamação não tratada.

Carcinoma de células de transição

Essa é a manifestação mais comum da doença. São afetadas as células dos tecidos mais internos da bexiga.

Carcinoma de células escamosas

Esse tipo de câncer de bexiga também é decorrente de infecções ou irritações prolongadas que não receberam o tratamento adequado. Neste caso, as células afetadas são delgadas e planas.

Tratamento do câncer de bexiga

As opções de tratamento para o câncer de bexiga dependem de uma série de fatores, incluindo o tipo e estágio do câncer e a saúde geral do paciente. O médico poderá explicar quais as particularidades de cada tipo e determinar quais tratamentos são melhores para você.

Em geral, as opções que existem para eliminar o tumor são:

Cirurgia

A cirurgia para câncer de bexiga em estágio inicial é recomendada se o câncer é ainda pequeno e superficial. Nesse caso, o médico poderá recomendar uma cirurgia endoscópica para remover o tumor. O procedimento é conhecido como ressecção transuretral (RTU).

Durante a RTU, o médico retira o tumor em pequenas fatias internas, que devem, também, abranger amostras das camadas musculares da bexiga para avaliar corretamente o grau de profundidade do câncer em relação ao músculo da bexiga. Em alguns casos, um laser de alta energia pode ser utilizado.

Para eliminar o câncer após ele já ter invadido as camadas mais profundas da parede da bexiga, pode ser indicada a remoção total da bexiga (cistectomia radical), bem como dos nódulos linfáticos circundantes. Nos homens, a cistectomia radical tipicamente inclui a remoção da próstata e das vesículas seminais junto com a bexiga. A retirada desses órgãos pode causar disfunção erétil, mas, em muitos casos, o cirurgião pode tentar poupar os nervos relacionados à ereção, buscando preservá-la parcialmente ou totalmente. Nas mulheres, a retirada completa da bexiga envolve a remoção do útero, ovários e parte da vagina. Sem essas estruturas, a mulher pode se tornar infértil e desenvolver uma menopausa prematura.

Terapia imunológica (imunoterapia)

A imunoterapia estimula o sistema imunológico a combater as células cancerosas. Normalmente, é administrada por meio da uretra diretamente na bexiga (terapia intravesical).

Esse tratamento é realizado com uma bactéria atenuada (em que sua capacidade de infectar é muito diminuída), mas que continua mantendo a propriedade de estimular o sistema imunológico a reagir. O Bacilo de Calmette-Guerin (BCG) é uma bactéria utilizada em vacinas contra a tuberculose que estimula o organismo a reagir cruzadamente contra as células do câncer de bexiga.

 

É um tratamento extremamente importante para os pacientes que apresentaram câncer superficial de bexiga, ainda mais porque evita que novos tumores apareçam. Em geral, esse tratamento é feito durante seis semanas, aproximadamente, podendo ser estendido.

Quimioterapia

A quimioterapia usa drogas para matar as células cancerosas. Esses medicamentos podem ser introduzidos no organismo por via intravenosa ou podem ser administrados diretamente na bexiga por meio de um tubo que é introduzido pela uretra.

O tratamento pode diminuir o tumor o suficiente para permitir a realização de uma cirurgia menos invasiva ou mais resolutiva.

Ele também pode ser complementar à cirurgia, e feito para matar as células cancerosas que, porventura, tenham permanecido após a operação.

A quimioterapia é, por vezes, combinada com a terapia de radiação.

Terapia de radiação (radioterapia)

A radioterapia é usada com pouca frequência em pessoas com câncer de bexiga. Esse tipo de tratamento utiliza raios de alta energia que visam destruir as células cancerosas.

A terapia de radiação para o câncer de bexiga, geralmente, é realizada com o auxílio de uma máquina que se move em torno do corpo, direcionando os feixes de energia para pontos precisos.

O tratamento pode, eventualmente, ser usado após a cirurgia para eliminar as células cancerosas que possam ter permanecido no organismo.

Reincidência do câncer de bexiga

Apesar de existir uma boa chance de tratar e curar o câncer de bexiga, a reincidência pode ocorrer. Por esta razão, os pacientes que tiveram a doença são, muitas vezes, submetidos a exames de acompanhamento para diagnosticar precocemente uma possível recorrência do tumor durante vários anos após o primeiro tratamento.

Durante o plano de acompanhamento, em geral, os médicos recomendam o exame de endoscopia interior de uretra e da bexiga (cistoscopia) a cada três ou seis meses para os primeiros anos após o câncer, alcançando períodos mais espaçados com o passar do tempo. Exames frequentes de urina e de ultrassonografia do trato urinário também fazem parte da rotina de cuidados.

Causas e prevenção do câncer de bexiga

Não é possível determinar as causas exatas do câncer de bexiga, contudo, alguns fatores, além do tabagismo, são identificados com frequência nos pacientes com esse tipo de tumor:

  • tabagismo passivo;
  • baixa ingestão de água;
  • exposição à radiação;
  • infecções parasitárias;
  • quadros frequentes de infecção urinária;
  • exposição à componentes químicos.

Pessoas que trabalham com compostos de borracha, couro, tintas e na indústria têxtil devem fazer exames de rotina frequentemente e estar sempre atentos aos sintomas que o organismo manifesta.

A prática diária de atividade física, uma dieta equilibrada, rica em fibras, vitaminas e minerais, e a redução do consumo de gorduras de origem animal estão associados a um baixo risco de reproduzir células cancerígenas.

Beber muita água também auxilia na prevenção, pois ela pode diluir e expulsar mais rapidamente da bexiga as substâncias tóxicas, além de ser um hábito saudável para todo organismo.

Entre os homens com mais de 40 anos, a orientação é de que seja feito um acompanhamento médico regularmente. Só assim é possível detectar os sintomas que não se manifestam por meio de estímulos externos perceptíveis.

A prevenção é a melhor maneira de evitar que a doença apareça e as consultas regulares são a forma mais adequada de identificar o câncer de bexiga em uma fase inicial, propiciando o melhor tratamento, caso ele aconteça.

As chances de recuperação são consideradas bastante satisfatórias nos casos em que doença é detectada nos primeiros estágios, principalmente quando a intervenção cirúrgica ainda é possível.Quanto mais avançado o quadro, menor é a probabilidade de um tratamento efetivo. Daí a importância de consultar um médico pelo menos uma vez ao ano ou ao apresentar os primeiros sinais de alterações no funcionamento do sistema urinário.

 

Material escrito por:
- Urologista - CRM/SC 12492 RQE 10675

Dr. Ricardo Kupka é formado em medicina pela UFSC. Especialista em urologia e cirurgia geral no Hospital Governador Celso Ramos. Realizou fellowship em Uro-Oncologia pela USP e Hospital Sírio Libanês, e o doutorado em Urologia na USP. É membro da NeuUro - Núcleo de Estudos em Onco-urologia da Uromed. Seus principais interesses são urologia oncológica e tumores urológicos.   Ver Lattes