Por: Dr. Aguinel José Bastian Júnior
Publicado em 30/03/2015
A próstata é uma glândula exclusiva do organismo masculino. Localizada logo abaixo da bexiga e entre o reto e a uretra, ela é a glândula responsável pela produção do sêmen, que é o líquido que protege, transporta e nutre os espermatozóides masculinos. O desenvolvimento da próstata depende da ação dos hormônios masculinos como, por exemplo, a testosterona, que quando se encontram em níveis normais, permitem que esta glândula funcione normalmente.
Assim como qualquer outro tecido ou órgão humano, a próstata também apresenta a possibilidade de desenvolver um crescimento anormal das células que, se for benigna, vai causar um quadro clínico chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB), mas se for um crescimento maligno ele pode ser considerado uma manifestação cancerígena, também conhecida como câncer de próstata.
No texto de hoje vamos falar um pouco sobre a manifestação desta doença e explicar como é possível identificar o estágio da doença após o seu diagnóstico.
O câncer de próstata tem desenvolvimento lento e na maioria dos casos não costuma ser a causa da morte de pacientes atingidos por esta doença. Por ser um quadro clínico exclusivamente masculino, esse tipo de câncer chama a atenção da medicina por ser considerado bastante comum, especialmente em homens a partir dos 80 anos de idade, e por ser a segunda causa de morte por câncer mais encontrada neste sexo. Por isto o acompanhamento e o diagnóstico precoce desta doença é considerado extremamente importante.
O câncer de próstata é uma doença que pode ser suspeitada através do exame de toque retal e através de um exame de dosagem de proteína no sangue (PSA), recomendados a todos homens a partir dos 50 anos. Após o diagnóstico confirmado da doença os médicos contam com o auxílio de um sistema de classificação de tumores malígnos, o TNM, para avaliar o avanço da doença. Esta classificação permite a divisão dos vários tipos de manifestação do câncer em estágios, para avaliar qual o tratamento poderá ser realizado e as taxas de sobrevida do paciente, aumentando a possibilidade de se realizar uma intervenção mais adequada ao tipo de doença que aquele paciente está apresentando.
A classificação TNM segue a avaliação de três componentes da manifestação do câncer: T, que avalia a extensão do tumor primário, N, que avalia a presença ou não de metástase em linfonodos próximos ao tumor primário, e M, que avalia a presença ou não de outras regiões atingidas pela metástase. Desta maneira é possível classificar cada componente de acordo com seu avanço, numerando a manifestação encontrada. A avaliação da extensão do tumor primário é realizada em uma escala que varia de T0 a T4, a metástase nos linfonodos em uma escala de N0 a N3, e a metástase em outras regiões em uma escala de M0 a M1. Por isto, se um médico classifica um tumor de próstata como T1 N0 M0, por exemplo, sabemos que ele é uma manifestação primária de tamanho relativamente pequeno, sem nenhum tipo de metástase encontrada.
A classificação do TNM pode ser realizada de duas maneiras:
Clínica: em que a classificação é feita antes do tratamento da doença;
Patológica: é a avaliação feita após a cirurgia para tratamento da doença.
As duas classificações se baseiam no sistema descrito acima, ilustrado pelas letras T, M e N e graduadas com a numeração exemplificada para mostrar o avanço ou não da doença. Quando os estágios de avanço da doença são apresentados com a letra p no início da escala (por exemplo, pT2 e pN1), significa que esta avaliação foi realizada em um paciente que já fez algum tratamento para controlar a doença.
Se os estágios são apresentados com a letra c no seu início (cT1 e cN2), significa que a avaliação foi realizada após o diagnóstico inicial, antes de qualquer tratamento. Esta classificação ainda apresenta várias subgraduações que são de interesse médico para avaliar posicionamento de alguma possível metástase, ou tamanho de linfonodo ou até mesmo tipo de manifestação histopatológica da doença, mas que não trazem muitas informações relevantes ao paciente. A classificação básica descrita acima já permite que o paciente compreenda qual é o estágio da sua doença e como ela se apresenta após o início do tratamento.
Sabemos, apesar de todo o avanço da medicina e sua capacidade de tratar e curar pacientes com câncer de próstata, que o melhor tratamento para qualquer doença é garantir sua detecção precoce, por isto é importante ficar atento aos possíveis sinais da doença em qualquer fase da sua vida. Apesar do câncer de próstata atingir, em sua maioria, homens a partir dos 50 anos de idade, pessoas mais jovens também podem apresentar estas manifestações, especialmente se existe um histórico familiar da doença.
Ficar atento a dificuldade de urinar e a um desconforto inesperado na região da próstata pode ser importante para ajudar a diagnosticar precocemente esta doença. A realização anual do exame de toque retal e dosagem do PSA é recomendada para homens que passam dos 50 anos, e esta é a maneira mais efetiva de diagnosticar e tratar a doença de maneira precoce. Manter uma dieta equilibrada e praticar atividades físicas regularmente também podem ajudar a evitar a doença em faixas etárias mais jovens.
Se você está apresentando dificuldades para urinar ou acredita estar dentro da faixa de risco de desenvolvimento do câncer de próstata, que tal fazer uma avaliação com seu urologista de confiança para verificar como anda sua saúde? Se o diagnóstico for positivo use o TMN para lhe ajudar a acompanhar o avanço da doença e não deixe de fazer os tratamentos indicados pelo profissional responsável por sua saúde. E mantenha a tranquilidade: uma vez diagnosticado, o câncer de próstata localizado é uma doença que apresentam ótimos índices de tratamentos efetivos e cura.
Material escrito por: Dr. Aguinel José Bastian Júnior
- Urologista - CRM 5179 RQE 9107
Formado em medicina e mestre em ciências médicas pela UFSC, o Dr. Aguinel Bastian Júnior é doutor pela USP e desde sua especialização dedica-se ao estudo e tratamento onco-urológico. É membro da equipe do NeoUro – Núcleo de Estudos em Onco-urologia da Uromed. Ver Lattes