Por: Dr. José Orlando de Farias Júnior
Publicado em 29/08/2017 - Atualizado 07/02/2019
Pessoas que ingerem aproximadamente dois litros de líquidos por dia tendem a ir ao banheiro para urinar entre seis e oito vezes num período de 24 horas. Quando a vontade frequente de fazer xixi é maior é preciso ficar alerta. Idas ao banheiro várias vezes ao dia, com sensação de urgência, é sinal de disfunções miccionais.
As mais comuns são a bexiga hiperativa e a incontinência urinária. Elas afetam quase um terço da população em qualquer fase da vida, sendo mais comum em mulheres, principalmente na faixa etária dos 30 aos 60 anos.
O que agrava as disfunções é o diagnóstico tardio. Muitas vezes quem percebe os sintomas demora para buscar o auxílio do urologista ou revelar ao especialista que convive com a necessidade constante de ir ao banheiro e escapes involuntários de urina. E quando decide que precisa de ajuda médica para solucionar o problema, a doença já está em fase avançada.
Geralmente o que motiva a postergação da procura por assistência médica é a vergonha em relatar o problema e a crença de que é normal ocorrer episódios de perda de xixi diariamente. Assim, as pessoas acabam adotando padrões de comportamento que interferem na vida diária, aumentam a insatisfação pessoal e impactam negativamente na qualidade de vida. Muitas deixam de conviver socialmente com familiares e amigos pelo receio de precisar ir ao banheiro e não ter nenhum por perto, por exemplo.
A incontinência urinária é definida pela presença de perdas involuntárias de urina, perceptíveis pelo doente ou por quem lhe presta cuidados, enquanto que a bexiga hiperativa se caracteriza por contrações involuntárias do órgão, percebidas pelo indivíduo, que tornam urgente a micção e, caso esta não ocorra em tempo útil, podem culminar em escape do xixi (incontinência).
A incontinência urinária pode se manifestar de duas formas. Uma delas é denominada incontinência urinária de esforço, em que a perda de urina é ocasionada por esforços físicos como o espirro, tosse ou força abdominal. A outra é chamada incontinência urinária de urgência, caracterizada pela contração involuntária da bexiga e a necessidade urgente de urinar.
O tratamento das disfunções miccionais tem evoluído muito nos últimos anos. Há situações em que a solução passa pela cirurgia. O procedimento é simples, e minimamente invasivo. É realizado com anestesia local, geralmente sem necessidade de internação hospitalar, e com retorno às atividades normais em poucos dias.
Em outros casos o tratamento inicial baseia-se na administração diária de comprimidos que atuam na bexiga, diminuindo a sensibilidade da mesma aos estímulos que normalmente desencadeiam a micção ou inibindo as próprias contrações exageradas.
Qualquer que seja o tratamento, quanto mais cedo começar, melhor será o resultado. Nada deve ser feito sem a consulta de um urologista. Também é errado esperar para ver se o problema ‘passa’. Quanto mais o tempo passa, mais crônico o problema se torna.
Fonte: //www.publico.pt/portugal/noticia/a-prevalencia-das-disfuncoes-miccionais-e-semelhante-nos-paises-europeus-1702672
Material escrito por: Dr. José Orlando de Farias Júnior
- Urologista - CRM 7643 RQE 3410
Formado em medicina pela UFPB, o Dr. José Orlando passou pelo internato médico da UFSC e realizou sua residência em urologia no Hospital Governador Celso Ramos. É membro efetivo da Sociedade Brasileira e Urologia. Seus principais interesses são a endourologia e a litíase urinária. Ver Lattes