Quando certos produtos químicos da urina se agregam formando cristais, uma massa endurecida chamada “cálculo” (ou pedra) se forma. A maioria das pedras começa a se formar nos rins e algumas podem se deslocar para outras partes das vias urinárias, incluindo o ureter ou a bexiga.
O cálculo renal é uma doença bastante prevalente. Cerca de 8% das mulheres e 15% dos homens vão apresentar cálculo renal em algum momento da vida.
Seu tratamento nem sempre é fácil. Além disso, as chances de uma pessoa que já teve cálculo renal vir a ter novamente é de cerca de 50% em cinco anos. Por isso, após o tratamento, é muito importante a prevenção da formação de novos cálculos também.
Vários fatores de risco contribuem para a formação de cálculos renais, que incluem:
– História familiar: 2,5 vezes mais frequente em indivíduos com antecedentes de casos na família
– Idade
– Raça
– Elevação de ácido úrico no sangue
– Obesidade: índice de massa corporal (IMC) >30Kg/m2
– Diabetes mellitus
– Síndrome metabólica
– Hábitos alimentares inadequados
Tratamento
Litotripsia Extracorpórea para Ondas de Choque (LEOC ou LECO)
A litotripsia extracorpórea por ondas de choque revolucionou a terapêutica dos cálculos urinários, transformando-se rapidamente numa importante inovação tecnológica para o tratamento desta doença.
A LEOC é um procedimento terapêutico que não necessita de incisões e é destinado a fragmentar (quebrar) cálculos das vias urinárias por meio de ondas mecânicas de acordo com o tipo de equipamento. O paciente é colocado deitado em posição dorsal ou ventral (barriga para cima ou para baixo), com a região anatômica onde se encontra o cálculo sobre uma bolha recoberta com gel, por onde as ondas de choque se propagam. Com ajuda da fluoroscopia (radografia em tempo real) ou ultrassonografia, o cálculo é posicionado no chamado ponto focal (“mira”). Iniciam-se então os disparos das ondas que se convergem para este foco, levando à fragmentação do cálculo em pedaços menores, passíveis de eliminação espontânea.
Considerado como um procedimento não invasivo, ambulatorial e com baixo índice de complicações, a LEOC é indicada e realizada por urologistas, sendo de responsabilidade do médico assistente a indicação e o seguimento após a litotripsia.
O procedimento pode ser feito com a presença de um anestesiologista, com o intuito de realizar um procedimento indolor.
Pode ser considerada a primeira escolha no tratamento de alguns tipos de cálculos do aparelho urinário. Fatores importantes a serem avaliados antes da indicação da LEOC são: a composição química (dureza), tamanho e localização do cálculo, e condições clínicas do paciente. O número e as intensidades dos disparos são decididas durante o procedimento pelo médico que o realiza, mas para cada aparelho existe o limite máximo estipulado pelo fabricante, para diminuir riscos.
Os possíveis riscos (mais observados) associados a este procedimento são os seguintes:
1 – Presença de sangue na urina após o procedimento (hematúria), que tende a desaparecer progressivamente. Esta situação é muito comum em tratamento de cálculos no rim, e geralmente cede espontaneamente. Porém, quando há sangramento de maior quantidade, com coágulos na urina, há necessidade de avaliação pelo médico que assiste o paciente.
2 – A fragmentação do(s) cálculo(s) pode não ocorrer ou necessitar de mais de uma sessão de tratamento.
3 – Dor lombar ou cólicas renais resultantes da eliminação de fragmentos do(s) cálculo(s) ou de coágulos de sangue.
4 – Equimoses ou hematomas no local da aplicação (na pele).
5 – Formação de coleções sanguíneas ou de urina no rim ou no ureter que, em geral, são reabsorvidas espontaneamente.
6 – Obstrução do canal ureteral por fragmentos do cálculo ou coágulos, que pode evoluir para uma infecção local. Neste caso pode ser necessária a eventual drenagem do rim por colocação de um cateter interno no ureter (duplo J) ou um cateter diretamente no rim.
7 – Infecção, caracterizada por febre, arrepios, calafrios, tremores e outros possíveis sintomas causados pela mobilização de bactérias instaladas na estrutura do(s) cálculo(s).
No final do procedimento, após recuperação anestésica, o paciente receberá alta médica e será esclarecido com as últimas orientações. Uma receita com analgésicos e, em algumas ocasiões, antibióticos será prescrita. Posteriormente, o paciente é orientado a retornar ao seu urologista, para acompanhamento com exame de imagem e reavaliar o sucesso do procedimento, podendo haver necessidade de reaplicações ou outras modalidades de tratamento para a total eliminação dos cálculos.
Caso ocorra febre, sangramento ou dor intensa, você deverá entrar em contato com seu médico ou procurar um pronto-socorro.