Por: Dr. Jovânio Fernandes da Rosa
Publicado em 24/08/2017
Uma das perguntas mais feitas por pacientes é se o câncer de próstata causa disfunção erétil. Isso porque a impotência sexual é uma preocupação da maioria dos homens diagnosticados com a doença.
Antes de mais nada, é importante destacar que a disfunção erétil é definida como a incapacidade de um homem obter e manter uma ereção do pênis. E no caso do câncer, a disfunção erétil é um efeito colateral previsto nas formas de tratamento para o câncer de próstata, seja ele a cirurgia (prostatectomia radical), radioterapia ou tratamento hormonal.
Ou seja, a ideia de que o câncer de próstata causa disfunção erétil não é totalmente correta. A condição é uma consequência do tratamento e não um problema da doença em si.
O estímulo para ereção chega ao corpo cavernoso do pênis por um conjunto de nervos, muito delicados e frágeis, que ficam localizados na região póstero-lateral da próstata, justapostos a ela. Em alguns casos, com a retirada cirúrgica da próstata, os feixes nervosos podem ser comprometidos, o que acaba ocasionando a disfunção erétil.
Mesmo que os tratamentos cirúrgicos para o câncer de próstata avancem constantemente, possibilitando a prevenção da disfunção erétil, é importante continuar considerando a possibilidade do problema. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), técnicas introduzidas desde 2012, como a cirurgia robótica, são minimamente invasivas e podem diminuir o risco do comprometimento do desempenho sexual.
Alguns fatores que influenciam no risco de disfunção erétil são:
Portanto, quanto mais cedo o câncer for descoberto, as chances da impotência sexual acontecer são bem menores, isso porque os tratamentos podem ser menos agressivos. Contudo, é importante destacar que na maioria das vezes, a prostatectomia radical é realizada se o tumor está contido à glândula, sendo esta a opção de tratamento que oferece as maiores chances de cura da neoplasia.
A idade também tem bastante influência nesse resultado, assim como as condições de saúde. Em homens com menos de 65 anos, a taxa de manutenção da função erétil é maior, assim como em homens que não têm problemas de saúde como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, tabagismo e doenças cardíacas.
De modo geral, seis meses após a cirurgia podem ser feitos os exames para mostrar se houve lesão nos nervos adjacentes ou não.
Até um ano após a cirurgia, os urologistas costumam recomendar medidas mais simples para contornar a falta de ereção, como medicamentos orais ou injeções intracavernosas, usadas para aplicar substâncias vasodilatadoras que induzem a ereção peniana. Contudo, se o problema persistir após esse período, a possibilidade de realizar uma cirurgia de implante de prótese peniana começa a ser considerada.
Uma boa recuperação do câncer de próstata, praticamente sem efeitos colaterais, só é possível se o homem começar as consultas anuais com o urologista a partir dos 45 anos para realizar os exames de PSA (antígeno prostático específico) e de toque retal que ajudam a detectar a doença precocemente. Caso o tumor seja descoberto em estágio inicial, quando os sintomas praticamente não são percebidos, às vezes nenhuma forma de tratamento radical é necessária.
Afinal, o câncer de próstata causa disfunção erétil? Como já dito ao longo do texto, durante a cirurgia da próstata pode ocorrer de alguns nervos serem removidos, uma vez que estão localizados bem próximos da glândula. Em decorrência disso, o homem pode apresentar dificuldades em manter ou ter uma ereção.
Aproximadamente 60% dos pacientes conseguem ter uma ereção, dentro de alguns anos, após ter feito o tratamento da doença. Portanto, a vida sexual após o câncer de próstata não é impossível, contudo, é um pouco mais complicada.
Logo, para aqueles pacientes que não conseguiram recuperar a ereção dentro de dois anos após a cirurgia de próstata, existem alguns métodos que permitem uma vida sexual normal, como a prótese peniana e medicamentos.
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Material escrito por: Dr. Jovânio Fernandes da Rosa
- Urologista - CRM 9576 RQE 6654
Dr. Jovânio é formado em medicina pela UFPel, é especialista em reprodução humana pela Unifesp. É membro da Sociedade Brasileira de Urologia e Membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual. Entre 2013 e 2018 foi Conselheiro Suplente do CRM-SC. Seus principais interesses são a andrologia, medicina sexual e reprodução humana.