Por: Dr. Luís Felipe Piovesan
Publicado em 23/09/2015
Os rins têm como principal função filtrar o sangue e eliminar as impurezas em forma de urina, equilibrar o nível de acidez no sangue, produzir hormônios (que estimulam a pressão arterial e a produção de hemácias no sangue) e regular a quantidade de água presente no organismo.
O câncer de rim é uma neoplasia malignas incomum, representa 3% de todos os tumores, pessoas entre 50 e 70 anos são as mais afetadas e em 70%, maior parte dos casos, são descobertos incidentalmente durante a realização de exames que investigam sintomas como dor lombar e hematúria (sangue na urina) ou qualquer outra queixa abdominal. O câncer de rim tem sua evolução habitual de forma lenta e, algumas vezes, descobre-se seu desenvolvimento em um estágio avançado. Os principais sintomas são a presença de massa abdominal palpável, dor lombar e da hematúria, além de emagrecimento acelerado, que costumam aparecer em casos mais desenvolvidos da doença.
Ao ser diagnosticado o tratamento mais utilizado é a cirurgia, porém o tratamento depende do tamanho, localização e grau de extensão do tumor renal. A decisão será tomada de acordo com os fatores clínicos do paciente e experiência da equipe que irá tratá-lo.
A cirurgia de retirada dos rins como tratamento do câncer é chamada nefrectomia. A retirada total dos rins costumava ser o principal método de tratamento, conhecido como nefrectomia radical. Porém, com o avanço da medicina essa técnica tem sido substituída pela retirada do tumor com preservação do restante do órgão, procedimento conhecido como nefrectomia parcial. O tipo será determinado pelo estágio da doença e do caso particular de cada paciente.
Tumores pequenos e de baixa agressividade, ou casos de pacientes com baixa expectativa de vida por múltiplas doenças, podem ser acompanhados pela equipe médica sem que a cirurgia seja realizada, enquanto é feita a observação da evolução do caso. Em casos avançados é possível ainda realizar a cirurgia citoredutora, que remove o máximo possível do tumor visível, ou a cirurgia para metástases, quando o tumor se disseminou para fora do rim.
As principais complicações de uma cirurgia por câncer renal são infecção e sangramento, pois pacientes com a saúde já debilitada podem não responder bem ao procedimento cirúrgico, além do comprometimento da função renal. Portanto, a definição de realizar a cirurgia e qual via de acesso será sempre individualizada.
Quando o paciente não tem condições clínicas para ser submetido a uma cirurgia renal, podem ser utilizados tratamentos minimamente invasivos, menos agressivos e com menores chances de complicações. Apesar de não apresentarem os mesmos resultados oncológicos em relação às técnicas padrão e ainda não terem um seguimento a longo prazo, têm indicações precisas.
As duas alternativas minimamente invasivas são a crioablação (congelamento do tumor) ou terapia de ablação por radiofrequência (aquecimento do tumor). Estas duas técnicas são realizadas por meio de uma agulha inserida através da pele até o centro do tumor, guiada por exame de imagem (seja ultrassonografia ou tomografia computadorizada).
Estes tipos de tumores costumam ser resistentes à radioterapia. Em geral, a quimioterapia oferece algum grau de resposta significativa em cerca de 20% dos casos, taxas pouco superiores com as atingidas pela imunoterapia, que é uma terapia de resposta biológica que ativa o sistema imunológico, mobilizando as defesas naturais do organismo para combater as células cancerígenas.
Os tratamentos para o câncer de rim dependem do estágio da doença e do estado geral de saúde do paciente. Após o tratamento do câncer renal é necessário acompanhamento médico por boa parte da vida. Esse acompanhamento consiste em avaliação médica regular, exames laboratoriais e radiológicos. Normalmente, os tumores que exigem controle mais exigente são os de estágios avançados. O médico Urologista irá determinar a periodicidade do acompanhamento e instruir como o paciente deve viver a rotina após o tratamento.
A melhor maneira de prevenir o câncer é adotar hábitos de vida saudável, com alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e não fumar. A realização frequente de exames também auxilia na prevenção das doenças. Não tenha receio de procurar um médico sempre que sentir algo diferente.
Material escrito por: Dr. Luís Felipe Piovesan
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270
Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos. Ver Lattes