Por: Dr. Nívio Pascoal Teixeira
Publicado em 20/05/2018
O principal hormônio masculino é a testosterona. Produzido ainda na fase embrionária, é por meio dele que se define o órgão sexual masculino. A testosterona também é o que determina a “descida” dos testículos, o aparecimento das características masculinas secundárias e o impulso sexual. O engrossamento da voz, desenvolvimento dos músculos e dos ossos e o amadurecimento dos órgãos genitais, também são tarefas desse hormônio masculino.
De uma maneira geral, o hormônio masculino condiz com a regulação das mais variadas funções corporais, principalmente no sexo masculino. A testosterona também é produzida pelas mulheres, nas glândulas suprarrenais e no ovário, mas em quantidade 30 vezes menor em relação aos homens.
São os testículos que produzem a maior parte da testosterona dos homens,, mas o hormônio também pode, ser sintetizado em laboratório. Há tempos, a testosterona, vem sendo usada de forma inadvertida para o ganho de massa muscular, o que pode acarretar diversos perigos para o organismo.
Níveis exagerados de testosterona podem trazer à tona efeitos colaterais severos, além de proporcionarem o aparecimento de inúmeras doenças. O desequilíbrio hormonal pode trazer irregularidades no sistema endócrino, levando ao atrofiamento das glândulas, principalmente dos testículos.
A reposição do hormônio masculino pode ter muita valia, segundo as orientações médicas. A deficiência de testosterona – conhecida como hipogonadismo – está associada aos sintomas de diminuição da libido, problemas de ereção, fadiga, osteoporose, depressão dos humores e massa muscular baixa. Também em casos de diabetes, obesidade, síndrome metabólica e fraturas ósseas, repor a testosterona é uma ótima saída.
Dessa forma, a terapia de reposição do hormônio masculino só é indicada através da presença de um ou mais desses sintomas, com a finalidade de normalizar os níveis hormonais. Vem sendo bastante utilizado, inclusive, em homens tratados por câncer de próstata que, geralmente, apresentam um quadro clínico de hipogonadismo.
O hormônio masculino também pode ser indicado para mulheres na menopausa. Nesse período, é importante que a testosterona seja reposta, para restabelecer a libido e combater a perda de massa muscular. Em alguns casos, pode ser eficaz em certos quadros de câncer, para a severidade de anemias e no combate à endometriose. É importante compreender que repor esse hormônio, de maneira saudável, nada tem a ver com utilizá-los como anabolizantes – desde que seja indicado por um urologista, para os fins bem fundamentados.
A utilização da testosterona artificial, sem a correta recomendação, pode acarretar vários malefícios para o organismo: hipertensão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, acne, inchaço, dores de cabeça, calvície a até distúrbios do sono. Em casos mais sérios, sendo a dose muito elevada, é possível que ocorra o aumento de glóbulos vermelhos e a alteração de fatores de coagulação sanguínea. Pode ainda ocorrer elevação do risco de trombose, hepatite e aparecimento de cistos e tumores malignos no fígado. Também aumenta o colesterol ruim (LDL) e reduz o bom colesterol (HDL).
Embora a substância deixe os músculos maiores e mais fortes, atua maleficamente sobre os tendões, que não suportam a carga artificial. Para reverter o quadro, é importante que o tempo de ingestão não seja tão longo.
Nas últimas décadas, as mulheres aficionadas à beleza, também ingerem testosterona. Diminuir a gordura corporal, aumentar o volume dos músculos e esconder as celulites e estrias, além de intensificar a libido, são as promessas oferecidas pelo hormônio masculino. No entanto, os efeitos colaterais da suposta promessa tentadora podem ser muito mais intensos que seus benefícios.
De início imediato, utilizar o hormônio masculino acarreta algumas manifestações físicas visíveis. Fora as alterações comuns aos seus usuários, nas mulheres, trazem ainda outros problemas. Crescimento do clitóris, queda de cabelo, alterações no comportamento e agressividade podem ser notados rapidamente. É possível observar, também a protuberância do pomo de Adão, aumento de pêlos e engrossamento da voz.
O corpo feminino também pode ser atacado pelo sistema endócrino. O ciclo menstrual, completamente regulado por hormônios, pode desregular-se ou deixar de existir. Fora isso, as funções reprodutivas e sexuais são intensamente ameaçadas.
Existem, mesmo pelas mulheres, formas seguras e benéficas de se usar testosterona, mas sempre que considerar o seu uso, é bom conversar com seu médico para obter a orientação correta. Agende uma consulta antes de tomar qualquer atitude para proteger a sua saúde.
Material escrito por: Dr. Nívio Pascoal Teixeira
- Urologista - CRM 4117 RQE 3175
O Dr. Nívio Pascoal é formado em medicina pela UFSC, especialista em urologia e em andrologia. Coordenou o Programa de Residência Médica em Urologia do Hospital Governador Celso Ramos, onde atualmente é urologista. Seus principais interesses são a andrologia, medicina sexual e reprodução humana.