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Publicado em 05/01/2022 - Atualizado 11/10/2022

Vida sexual após o câncer de próstata

Vida sexual após o câncer de próstata

É possível ter uma ereção após a cirurgia do câncer de próstata?

Muitas pessoas se questionam se é possível ter uma ereção após a prostatectomia, a cirurgia de remoção de parte ou toda a próstata, buscando saber o real impacto que essa cirurgia tem na vida sexual. A resposta dessa pergunta não é tão simples assim, visto que depende de muitos fatores.

A cirurgia da próstata é recomendada para pacientes com problemas nessa glândula, como o crescimento anormal e a presença de tumores. Ambas as condições são comuns em homens com mais idade, o que também está diretamente ligado com a qualidade e duração da ereção.

Continue lendo para entender como a prostatectomia pode impactar a ereção e para saber mais sobre a vida sexual depois dessa cirurgia.

Como a prostatectomia pode impactar a ereção?

Para entender o impacto da prostatectomia na ereção é importante compreender um pouco mais sobre essa cirurgia. A próstata é uma parte do sistema reprodutor masculino localizada na frente do reto e embaixo da bexiga. Ao seu redor, há muitas terminações nervosas chamadas de nervos cavernosos. Eles vão até os corpos esponjosos que ficam no pênis do homem.

Em situações normais, quando há algum estímulo, o cérebro envia o sinal e os corpos em questão se enchem de sangue, o que deixa o órgão ereto para ter relações sexuais.

Durante a cirurgia da próstata é comum haver a remoção de alguns nervos cavernosos, visto que eles ficam muito próximos da glândula. Como consequência, pode haver dificuldades para ter ou manter ereções. Também pode ocorrer lesões devido ao equipamento, dos cortes e da manipulação da área.

Mas isso nem sempre ocorre. Existem diversos fatores que aumentam as chances de haver algum dano nesses tecidos, como:

  • extensão da doença;
  • se os nervos têm células malignas, no caso do câncer;
  • idade e
  • técnica utilizada.

De forma geral, cerca de 60% dos pacientes conseguem ter uma ereção após a realização da prostatectomia dentro de alguns anos. Para aumentar as possibilidades de estar entre eles, deve-se realizar a reabilitação peniana, processo que consiste em estimular o tecido da forma correta, o que é orientado pelo urologista de confiança.

Os efeitos dos problemas de ereção

Além da preocupação da doença, como ocorre com o câncer, é comum que os pacientes fiquem inseguros sobre o impacto da prostatectomia na sua função sexual. Isso ocorre pelo tabu envolvendo o homem que une a virilidade com a vida sexual.

O rompimento dessa imagem, por uma condição ou do seu tratamento, pode trazer diversas consequências para o âmbito psicológico, o que influencia na capacidade de se ter, ou não, uma ereção.

Por isso, é essencial que durante o diagnóstico e o tratamento exista o acompanhamento psicológico.

Outros fatores que influenciam

Existem, ainda, outros fatores que influenciam na capacidade de se ter ereção após a prostatectomia, como:

  • comorbidades, como diabetes e doenças cardiovasculares;
  • tabagismo;
  • sedentarismo e
  • uso de medicamentos com efeitos colaterais que comprometem a ereção.

Também se deve buscar realizar a cirurgia de próstata com profissionais experientes e que utilizem técnicas mais avançadas, o que evita a lesão dos nervos cavernosos. Vale ressaltar que quanto mais cedo a condição for identificada e tratada, mais rápido o organismo retorna às suas funções naturais. Por isso, recomendamos a realização de check-up como método de prevenção.

Outras alternativas para ter uma ereção após a prostatectomia

Para os pacientes que não conseguiram, em 2 anos, recuperar a capacidade de ter uma ereção após a cirurgia da próstata, existem diversos métodos que possibilitam uma vida sexual normal. Confira alguns deles.

Medicamentos

A primeira abordagem é o uso de medicamentos, como o citrato de sildenafila, conhecido como Viagra. Conforme o seu fabricante, 43% dos que usam e passaram por uma prostatectomia radical notam uma melhora na sua vida sexual. Mas nem sempre esse método é recomendado, uma vez que pode ter efeitos colaterais indesejados, então é indispensável questionar o seu médico e evitar a automedicação.

Essas substâncias podem ser via oral ou por injeções, aplicadas diretamente no pênis antes de uma relação sexual. Essa segunda opção é indicada para pacientes que não reagiram ou adaptaram-se ao uso de remédios orais.

Prótese peniana

A prótese peniana é um pequeno dispositivo instalado cirurgicamente na área íntima. Com ele, é possível ter ereção após a prostatectomia de forma não natural. Existem duas opções disponíveis:

  • Maleável: duas hastes metálicas são colocadas no pênis, que permanece em estado de ereção permanentemente. O metal é maleável, o que permite ajustes para não causar constrangimentos e
  • Inflável: consiste em uma bomba e um circuito dentro do pênis do paciente. Para ficar ereto, é preciso ativar um cilindro que envia o soro para o órgão e o deixa ereto. Após a relação, basta desativar para voltar ao estado flácido.

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Material escrito por:
- Urologista - CRM 9576 RQE 6654

Dr. Jovânio é formado em medicina pela UFPel, é especialista em reprodução humana pela Unifesp. É membro da Sociedade Brasileira de Urologia e Membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual. Entre 2013 e 2018 foi Conselheiro Suplente do CRM-SC. Seus principais interesses são a andrologia, medicina sexual e reprodução humana.