Por: Dr. Luís Felipe Piovesan
Publicado em 21/03/2023
Definido como uma condição médica que pode afetar homens de todas as idades, o câncer de testículo pode afetar um ou ambos os testículos, órgãos responsáveis pela produção de espermatozoides e do hormônio masculino, a testosterona.
O câncer de testículo representa até 5% do total de casos de câncer entre a população masculina. É um tipo menos frequente de neoplasia, mas que tem casos na infância, juventude e também acima dos 60 anos, sendo a faixa etária entre 15 e 35 anos a que mais registra casos
Ou seja, a idade não é uma barreira para desenvolvimento desta doença No entanto, é mais frequentemente diagnosticado em homens jovens. Vale destacar que os tumores de testículos são divididos em dois grupos: seminoma e tumores de células germinativas não-seminomatosos (TCGNS).
Esse último inclui o carcinoma embrionário, coriocarcinoma, teratoma, teratocarcinoma, tumor do saco vitelínico (ou Yolk sac), entre outros, sendo que entre 40 e 60% dos tumores de células germinativas tem mais de um elemento histológico presente (tumores mistos).
Existe uma combinação de fatores que ajudam no desenvolvimento do câncer de testículo, sendo eles genéticos e ambientais. Alguns casos de câncer são provenientes de eventos no qual o testículo ficou oculto, denominado pelos médicos de criptorquidia.
A criptorquidia é definida como a ausência de um ou dos dois testículos na bolsa testicular, sendo uma alteração genital pouco incomum. Essa doença pode surgir em até 4% das crianças nascidas a termo, enquanto 45% ocorre em meninos que nasceram de forma prematura.
Ter um testículo criptorquídico pode aumentar o risco de desenvolver câncer de testículo, uma vez que os testículos estão localizados em uma posição menos favorável, tornando difícil a realização de autoexame e detecção precoce de mudanças ou anormalidades. Além disso, o risco é ainda maior para os testículos intra-abdominais.
Contudo, existem outros fatores que podem aumentar o risco de desenvolver câncer de testículo, entre elas:
Também é importante destacar sobre a associação positiva entre a infecção pelo HIV e o desenvolvimento de neoplasias testiculares. Alguns fatores não apresentam associação concreta com os tumores de testículo, como trauma e atrofia testicular.
Lembre-se que, apesar dos fatores de risco existirem, nem todas as pessoas incluídas nesses aspectos irão desenvolver a doença. Por esse motivo, é fundamental que todos os homens estejam conscientes dos sinais e sintomas do câncer de testículo e realizem autoexames regularmente para detectar precocemente qualquer anormalidade.
A queixa mais comum relatada pelos pacientes com tumores testiculares é a presença de massa (nódulo) ou aumento indolor do volume testicular. Os sintomas também podem incluir, em alguns casos:
Embora esses sintomas possam ser indicação de câncer, eles também podem ser causados por outras condições médicas. Por isso, é importante o homem que apresentar alguns desses sinais consultar imediatamente um urologista para avaliar a saúde. O diagnóstico precoce do câncer de testículo é crucial para garantir o melhor prognóstico possível, além de garantir que o tratamento seja iniciado quanto antes.
No geral, o diagnóstico de câncer de testículo é geralmente feito por meio de uma combinação de exames clínicos e laboratoriais, testes de imagem e biópsia. A história clínica e o exame físico são fundamentais nos casos de câncer de testículo.
O exame físico com elevada suspeita de tumor pode, por si só, indicar a remoção cirúrgica do testículo doente (orquiectomia). Já a ultrassonografia de bolsa testicular é o exame mais realizado para complementar o diagnóstico. Em alguns casos, os resultados desses exames podem ainda ser inconclusivos e um homem pode precisar passar por mais alguns testes para determinar se ele tem câncer de testículo ou não.
O tempo de duplicação (velocidade de crescimento do tumor) do câncer de testículo é de 10 a 30 dias nos casos de TCGNS, sendo um pouco maior em casos de seminoma. A disseminação linfonodal (gânglios ou ínguas) é ordenada para linfonodos do abdome (raramente para pelve).
Metástases à distância podem surgir nos pulmões, fígado, cérebro e/ou ossos (80% com mesma histologia do tumor primário). As metástases viscerais são mais marcantes no carcinoma embrionário e no coriocarcinoma.
O tratamento do câncer de testículo inicia-se pela orquiectomia radical realizada via inguinal, ou seja, o tratamento se dá pela remoção do testículo que contém o tumor. Através dela, define-se a histologia do tumor, assim como seu nível de extensão local.
Dependendo da extensão da doença (definida pelos exames de estadiamento), define-se o melhor tipo de tratamento. No geral, o tratamento do câncer de testículo depende de vários fatores, incluindo a idade do paciente, o tamanho e a localização do tumor, bem como a sua extensão e grau de agressividade.
Nos casos de seminoma, se a doença for localizada e de baixo risco, opta-se pela observação. Já em situação de doença localizada de alto risco, pode-se optar por quimioterapia sistêmica, radioterapia ou observação.
Se a doença já apresentar metástases ganglionares (linfonodos retroperitoneais), a primeira opção é a quimioterapia, sendo a radioterapia uma opção em casos de doença limitada. Havendo doença metastática identificada, o tratamento quimioterápico é a opção de escolha. Se, após o tratamento, houver doença residual identificável, pode-se indicar uma ressecção cirúrgica caso a doença seja de maior volume.
Nos casos de TCGNS, se a doença for localizada e de baixo risco, existe a opção da observação, quimioterapia ou cirurgia (linfadenectomia retroperitoneal).
Quando a doença for localizada e de alto risco, a opção primária é pela quimioterapia, sendo a linfadenectomia retroperitoneal uma opção factível, na dependência da histologia. Já para a doença com metástases linfonodais, o tratamento padrão é a quimioterapia, bem como nos casos de doença avançada, onde existem metástases para outros órgãos. Após o tratamento inicial, se for identificada doença residual, a escolha pela remoção cirúrgica é a primeira opção.
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Material escrito por: Dr. Luís Felipe Piovesan
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270
Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos. Ver Lattes