Por: Dr. Aguinel José Bastian Júnior
Publicado em 13/04/2022 - Atualizado 15/07/2022
Você sabe o que significa ASAP? Trata-se da “proliferação atípica de pequenos acinos” — ou, simplesmente, ASAP, na sigla em inglês. Pacientes sob suspeita de câncer de próstata podem se deparar com o termo durante o processo de rastreamento, visto como um dos fatores preditivos para a confirmação da neoplasia.
Neste artigo, explicamos seu papel em casos de biópsias com laudos inconclusivos. Boa leitura!
O câncer de próstata é o tipo de câncer mais comum na população masculina, sendo a segunda maior causa de óbitos pela doença em homens. Ele é prevalente em indivíduos com mais de 55 anos, principalmente, que possuem histórico familiar para a neoplasia e/ou pertencem à raça negra.
No triênio entre 2000 e 2022, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que devam ocorrer 65.840 novos casos. Para diagnosticá-los, há três exames:
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda iniciar a realização dos exames de rastreamento para o câncer de próstata a partir dos 45 anos. Mas, se houver fatores de risco, é preciso começar a se cuidar mais cedo, ao completar 40 anos.
Vale destacar que a testagem conjunta (toque retal e PSA) é imprescindível. Isso porque, há casos em que o paciente possui níveis normais de PSA, mas o exame de toque identifica alguma alteração na próstata. Mas atenção: o diagnóstico conclusivo só é dado após a biópsia.
Para identificar a presença de células cancerosas na próstata, retira-se de 12 a 18 fragmentos, coletados de diferentes regiões. A biópsia guiada por ultrassom é realizada sob anestesia e o procedimento leva de 15 a 30 minutos.
Ao término, os materiais seguem para análise, por meio do exame anatomopatológico. Nessa etapa, utiliza-se o escore de Gleason, um sistema de pontos para definir a agressividade dos tumores e, assim, determinar o prognóstico da doença.
Porém, ainda que grande parte dos tumores sejam detectados na primeira biópsia, muitas vezes, os resultados negativos despertam dúvidas. Nesses casos, geram um laudo de lesão suspeita e uma nova biópsia precisa ser feita.
O laudo de lesão suspeita pode ocorrer devido à proliferação atípica de pequenos acinos (ASAP). Também chamada de atipia glandular ou proliferação glandular atípica, trata-se de células que podem evoluir para um tumor. Isso, aliás, ocorre em 40% dos pacientes com ASAP. Portanto, esses achados precisam ser acompanhados periodicamente.
Estima-se que entre 15% a 30% dos cânceres de próstata são diagnosticados na rebiópsia, realizada algum tempo após a primeira. Isso ocorre, principalmente, quando há um dos fatores preditivos para positividade, como a ASAP.
Assim, quando o laudo se apresenta como “suspeito, mas não diagnóstico para câncer de próstata”, a conclusão (ou a não conclusão) pode corresponder a:
Para entender o que significa ASAP, é preciso saber que o termo é usado para descrever a identificação de glândulas atípicas na próstata. No entanto, seus critérios morfológicos são insuficientes para um diagnóstico definitivo de câncer.
Sendo assim, ainda que haja incerteza quanto à existência da doença, significa que há algo de anormal acontecendo. São nesses casos inconclusivos, justamente, que uma nova biópsia se torna necessária. Recomenda-se realizá-la seis semanas depois da primeira coleta.
Se houver a confirmação do câncer, o paciente segue para o tratamento, cujas escolhas terapêuticas são individualizadas. Mas, felizmente, na maioria das vezes a existência da doença é descartada na segunda biópsia.
Atualmente, a abordagem e o tratamento do câncer de próstata têm o objetivo não apenas de controle oncológico. Mais do que isso, busca-se a manutenção da qualidade de vida e minimização da morbidade.
Por isso, o rastreamento da doença segue normas rígidas e é feito com cautela. O correto diagnóstico evita que o paciente seja submetido a terapêuticas desnecessárias e permite a ele ter tranquilidade em relação ao diagnóstico.
Agora que você sabe o que significa ASAP, esperamos ter deixado clara a complexidade envolvida na identificação dos possíveis tumores na próstata. Fato é que, quando se trata de câncer, o diagnóstico precoce é sempre a melhor estratégia. Por isso, procure um especialista em urologia oncológica e faça seu acompanhamento com quem mais entende do assunto.
Caso tenha alguma dúvida ou deseje agendar uma consulta para realizar uma avaliação individualizada, entre em contato. A equipe da Uromed encontra-se à sua inteira disposição!
Material escrito por: Dr. Aguinel José Bastian Júnior
- Urologista - CRM 5179 RQE 9107
Formado em medicina e mestre em ciências médicas pela UFSC, o Dr. Aguinel Bastian Júnior é doutor pela USP e desde sua especialização dedica-se ao estudo e tratamento onco-urológico. É membro da equipe do NeoUro – Núcleo de Estudos em Onco-urologia da Uromed. Ver Lattes