Por: Dr. Luís Felipe Piovesan
Publicado em 30/10/2024
O câncer de uretra (canal que transporta a urina da bexiga para fora do organismo) é um tumor raro, responsável por menos de 1% das malignidades geniturinárias. Trata-se da única neoplasia do trato urinário mais incidente em mulheres do que em homens — ocorrendo na proporção de 4:1, geralmente, após os 50 anos.
Neste artigo, explicamos as principais características da doença, incluindo seus sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento. Continue a leitura e saiba mais!
O carcinoma epidermóide é o tipo de tumor mais comum, ocupando 80% dos casos de câncer uretral. Em seguida, vêm os adenocarcinomas, somando 5%, e os carcinomas de células transicionais, responsáveis por 2,15%. Já os tipos histológicos menos incidentes são os melanomas, os paragangliomas e os linfomas.
A ocorrência do câncer de uretra pode estar relacionada à infecção por certas linhagens do papilomavírus humano (HPV). Outras possíveis causas são inflamações crônicas, lesões proliferativas, carúnculas, fibroses, pólipos ou, até mesmo, infecções urinárias. No entanto, muitas vezes, a etiologia da doença é desconhecida.
O primeiro indício da doença costuma ser o sangramento espontâneo pela uretra ou a hematúria (sangue na urina) , que pode ser detectada em exame laboratorial ou visível a olho nu. Outro sinal importante é a presença de um caroço (tumor uretral), às vezes, palpável . Muitas vezes, ele é responsável por provocar obstrução e alteração no fluxo urinário , que fica mais lento e reduzido, e/ou disúria (sensação de ardência ao urinar). Além disso, também pode provocar dor no coito .
Apesar das diferentes características anatômicas da uretra feminina e masculina, em ambas, o diagnóstico é confirmado pela uretrocistoscopia (endoscopia do trato urinário baixo) seguida de biópsia. Já para saber o estadiamento (extensão da doença), costuma-se realizar exames de sangue, tomografia computadorizada (ou ressonância magnética) da pelve e radiografia de tórax.
Nas mulheres, as lesões uretrais costumam invadir, precocemente, as estruturas próximas. Assim, alguns tumores da uretra feminina podem se disseminar por meio de linfonodos presentes na virilha ou na pelve. As metástases à distância, no entanto, ocorrem somente em tumores localmente avançados e tendem a envolver, principalmente, ossos, fígado, pulmão e cérebro.
O câncer uretral masculino também pode invadir, precocemente, as partes próximas. Os tumores da uretra anterior costumam afetar corpos cavernosos e tecidos periuretrais, enquanto os da uretra posterior invadem os tecidos profundos do períneo, pele escrotal, pênis, diafragma urogenital e próstata.
Geralmente, os tumores anteriores metastatizam para linfonodos inguinais superficiais e profundos. Já os posteriores costumam metastizar para linfonodos pélvicos. As metástases à distância, por sua vez, são observadas em tumores localmente avançados e costumam envolver ossos, fígado e pulmão.
Na maioria dos casos, o tratamento do câncer de uretra é cirúrgico. Em relação à técnica, quando há lesões superficiais, não invasivas, pequenas e pouco agressivas, opta-se pela ressecção endoscópica ou segmentar.
Já nos casos de lesões invasivas, volumosas ou agressivas, as cirurgias amplas e radicais se fazem necessárias. Além disso, quando o tumor está em estágio avançado, com a presença de metástases, costuma-se associar outras terapêuticas, como a quimioterapia.
O prognóstico do câncer de uretra está diretamente ligado à localização, tamanho do tumor e estadiamento. De maneira geral, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura da doença. Por isso, em caso de suspeita ou confirmação da mesma, procure ajuda de um especialista em urologia oncológica!
Ficou com alguma dúvida? Sinta-se à vontade para entrar em contato. A equipe da Uromed – Clínica do Aparelho Gênito-Urinário, localizada em Florianópolis, SC, está à sua disposição!
Material escrito por: Dr. Luís Felipe Piovesan
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270
Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos. Ver Lattes