Por: Dr. Luís Felipe Piovesan
Publicado em 20/10/2015
O acompanhamento pós-tratamento, em intervalos periódicos, dos pacientes em controle do câncer de próstata é fundamental. Dessa forma, é possível confirmar a cura ou identificar precocemente uma eventual recidiva da doença (chance do câncer retornar após um tempo).
Continue lendo o artigo para entender melhor sobre o assunto.
Antes de falarmos do controle do câncer de próstata, é importante ressaltar que essa é uma doença exclusiva da população masculina. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 28,6% dos homens serão acometidos pelo câncer de próstata. Contudo, tanto sua incidência quanto mortalidade, ocorre após os 50 anos, com grandes chances de tratamento e cura quando descoberto em estágios iniciais.
Após diagnosticado e realizado o tratamento, o paciente é acompanhado em intervalos periódicos, por meio de exame de toque retal e com medição do PSA (enzima produzida pelas células da próstata e que alerta para disfunções nesta glândula). O principal objetivo do acompanhamento é realizar não só o controle do câncer de próstata, mas também confirmar a cura e prevenir a recidiva, mesmo que não seja considerada comum.
É importante destacar ainda que a escolha do tratamento deve ser baseada no estágio do tumor, na história médica do paciente, assim como nas suas preferências (e do médico também). No geral, esse tipo de câncer pode ser tratado por três métodos padrão: prostatectomia radical, radioterapia ou braquiterapia. O controle do câncer de próstata também é feito de acordo com cada tratamento.
Pós-prostatectomia radical
Após uma prostatectomia radical, espera-se que os níveis de PSA não sejam detectáveis, chegando a menos de 0,2 ng/ml em algumas semanas após a cirurgia. É aconselhável aguardar de seis a oito semanas após o tratamento antes de avaliar o valor do PSA, já que a meia vida de PSA no sangue é relativamente longa.
O PSA deve ser repetido em intervalos regulares de tempo até 10-15 anos após a cirurgia. Se houver um aumento no nível de PSA pós-operatório, anteriormente indetectável ou estável, será necessário fazer uma busca imediata da doença persistente, recorrente ou metastática.
Nesses casos, exames como cintilografia óssea, tomografia computadorizada ou ressonância magnética da pelve, e até mesmo PET Scan, podem ser necessários.
O câncer de próstata tratado com radioterapia é monitorado de forma diferente após o tratamento, já que a próstata e os linfonodos são conservados. Após a radioterapia, o nível de PSA cai, na maioria dos pacientes, durante o primeiro ano. Porém, níveis mais confiáveis e estáveis são obtidos somente após 2 anos da conclusão do tratamento.
Apesar de ser definida como ausência de recidiva bioquímica após a radioterapia, sempre que o PSA estiver menor que 2 + PSA nadir (que é o menor PSA medido após o tratamento), não há um valor absolutamente confiável que indique a presença ou não de células tumorais viáveis nesses casos.
Sendo assim, o paciente deve ser monitorado por não menos do que 10-15 anos, igual feito nos casos de pós-cirurgia. A pesquisa de recorrência de tumor em pacientes após a radioterapia deve incluir o exame de toque retal e o nível de PSA que, caso se mostre elevado, pode requerer exames adicionais para investigação.
Dentre os exames, destacam-se uma nova biópsia prostática, ou até mesmo exames de imagem (como cintilografia óssea, tomografia computadorizada, ressonância magnética da pelve, e até mesmo PET Scan).
A técnica da braquiterapia prostática consiste na introdução, na próstata do paciente, de pequenas sementes radioativas, contendo iodo-125. Este material radioativo libera energia gradativamente, irradiando o tumor de forma intensa e tratando toda a próstata.
Para o controle do câncer de próstata após o tratamento, o PSA deve ser verificado nas primeiras seis semanas. Em seguida, ele será verificado pelo menos a cada seis meses durante os primeiros dois anos.
Assim como na radioterapia externa, os valores que definem a ausência de recidiva são arbitrários, tornando o PSA um marcador de acompanhamento menos confiável que após a cirurgia.
Em todos os casos, é a equipe médica que trata o paciente que indicará os procedimentos para o acompanhamento. Os cuidados considerados no controle do câncer de próstata são essenciais na fase posterior ao tratamento.
Os mesmos hábitos saudáveis que previnem o tumor também devem fazer parte da rotina de quem já passou pelo tratamento. Para conquistar qualidade de vida e diminuir o risco do retorno do câncer, o homem deve praticar atividade física regular, assumir uma dieta com pouca ingestão de gordura animal e limitar o consumo de carne vermelha.
Leia também: Como prevenir o câncer de próstata por meio da alimentação?
Além de evitar tais alimentos, deve ser feita a inclusão de alimentos vermelhos, como o tomate. Eles são ricos em licopeno, um poderoso antioxidante que contribui para o bom funcionamento do organismo. Tenha em mente que mesmo antes do diagnóstico da doença, a adoção de um estilo de vida mais saudável é sempre uma das maiores recomendações para prevenção da doença.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) ainda indica que existem pelo menos 12 tipos de câncer, entre eles o de próstata, associados a hábitos nocivos. Portanto, mesmo na fase de controle do câncer de próstata após o tratamento, adotar essas mudanças de hábitos é uma maneira de se prevenir, além de garantir maior qualidade de vida.
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Material escrito por: Dr. Luís Felipe Piovesan
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270
Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos. Ver Lattes