Por: Dr. Waltamir Horn Hülse
Publicado em 07/12/2023 - Atualizado 28/02/2024
As pedras nos rins, também conhecidas como cálculos renais ou litíase urinária, são formações sólidas que se desenvolvem nos rins devido ao acúmulo de minerais e outras substâncias. Embora pequenas, essas pedras podem causar dor intensa e desconforto.
Por esse motivo, sempre que for diagnosticada, esta condição deve ser tratada, pois como todo problema de saúde que não é curado, pode evoluir e gerar complicações. Mas ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o tratamento não se resume à cirurgia.
Existem outras abordagens que o urologista pode empregar para solucionar o problema, dependendo do caso. Neste artigo, exploraremos a fundo o que são, os sintomas que apresentam e, principalmente, quando é preciso tratar as pedras nos rins.
As pedras nos rins são depósitos sólidos formados por minerais e sais presentes na urina. Elas podem variar em tamanho, desde grãos de areia até pedras maiores do tamanho de uma bola de gude.
Quando essas formações sólidas se acumulam nos rins, podem causar dor intensa. Entretanto, os sintomas podem variar, incluindo também:
Muitas vezes, é possível resolver a maioria das pedras através do aumento da ingestão de líquidos, ajustes na dieta e o uso de medicamentos. Quando as pedras são pequenas, elas geralmente saem do rim e passam pelo ureter, em um período de três a seis semanas.
Esse processo pode causar dor intensa, conhecida como cólica renal. No entanto, em casos em que as pedras não saem naturalmente, existem procedimentos médicos para ajudar. O médico pode optar por remover ou quebrar as pedras usando um laser.
Em ambas as situações, o médico utiliza um instrumento chamado ureteroscópio, inserido no ureter para visualizar, fragmentar e, se necessário, remover as pedras. Este procedimento ajuda a resolver o problema de forma mais direcionada e eficaz.
Para a retirada cirúrgica das pedras nos rins há diferentes possibilidades. Uma delas é um procedimento percutâneo, no qual uma agulha é introduzida pela região dorsal até alcançar os rins. Por ela o médico passa um aparelho (nefroscópio) para remover o cálculo ou fragmentá-lo para, posteriormente, retirá-lo.
Pessoas que se submetem a esse tratamento tem um período curto de hospitalização e se recuperam mais rápido do que em uma cirurgia convencional.
Outra forma de tratamento minimamente invasiva é a ureterorenoscopia flexível, um aparelho muito delicado e flexível que alcança os rins através da uretra. Este procedimento, sem nenhum corte, é utilizado de maneira selecionada para a retirada de muitos tipos de cálculos.
Já a litotripsia extracorpórea, outra forma de tratar o problema, utiliza ondas de choque para “desfazer” as pedras, ou seja, transformá-las em “pedaços” menores que possam ser eliminados naturalmente pela urina.
A grande vantagem da litotripsia é a de não ser necessária a internação hospitalar. No entanto, só é indicada em algumas condições, pois nem todas as pedras podem ser “quebradas” por este método.
Os cálculos, ou pedras, se formam quando alguns produtos químicos da urina se unem e formam cristais. Essa substância endurecida é o cálculo. A maioria dessas pedras começam a se formar nos rins, cuja função é filtrar o sangue e eliminar impurezas através da urina.
As pedras podem se deslocar pelas vias urinárias, podendo chegar no ureter ou na bexiga. Em geral, o que causa a formação das pedras nos rins é:
Conhecer todas as possibilidades para buscar a causa real do problema com o auxílio do médico urologista é mais confortável, pois evita que a pessoa sofra com os incômodos desencadeados por elas.
O surgimento dos cálculos está diretamente ligado a alguns fatores, incluindo o tipo de alimentação que a pessoa mantém. A obesidade, a hipertensão, a diabetes e a pouca ingestão de água são os principais fatores de risco associados à pedra nos rins.
Também é válido destacar que a Sociedade Brasileira de Urologia ainda indica que a predisposição genética relacionada à doença também é um dos fatores de risco.
A obesidade pode influenciar indiretamente vários fatores que aumentam o risco da condição. Ela está frequentemente associada a condições como resistência à insulina e síndrome metabólica, que podem impactar negativamente a composição da urina e favorecer a formação de cálculos renais.
Pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) elevado e maior circunferência da cintura podem, ainda, apresentar mais cálcio e ácido úrico na urina, o que aumenta ainda mais os riscos.
De modo geral, o ideal é que o indivíduo consuma dois litros de líquido por dia para garantir uma vida saudável e o pleno funcionamento do organismo, especialmente dos rins. Cuidar da saúde desses órgãos, bem como de todo o corpo, só gera benefícios, principalmente no verão, onde casos de pedras nos rins podem aumentar em 30%.
Hoje está mais fácil tratar a doença devido aos avanços ocorridos na endourologia, ramo da urologia que trata da manipulação endoscópica do trato urinário. Essa área é responsável por grande parte dos procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos.
Ao contrário da cirurgia aberta, a endourologia é realizada usando pequenas câmeras e instrumentos inseridos no trato urinário. A maioria desses instrumentos podem ser introduzidos através da uretra, permitindo procedimentos endoscópicos para tratar pedras nos rins e outras condições.
Isso faz com que as cirurgias abertas para tratar cálculos renais e ureterais, sejam consideradas uma prática quase obsoleta.
A recente introdução de ureteroscopia, tanto rígida quanto flexível, trouxe significativas melhorias na capacidade do urologista de tratar o problema. Mediante a isso, é válido falar sobre as duas revoluções que o tratamento dessa condição passou nos últimos anos.
A cirurgia renal percutânea é a forma menos agressiva de tratamento para cálculos renais grandes, e que não podem ser tratados adequadamente pela fragmentação com os aparelhos de litotripsia extracorpórea (LEOC).
É realizada em centro cirúrgico, sob anestesia geral. A incisão de um centímetro é feita na pele da região dorsal para colocação dos equipamentos usados para retirada das pedras. A recuperação é muito mais rápida e a internação geralmente se estende por dois a três dias.
A litotripsia extracorpórea por ondas de choque revolucionou a terapêutica dos cálculos urinários, transformando-se rapidamente numa importante inovação tecnológica para o tratamento desta doença.
Este é um procedimento terapêutico que não necessita de incisões e é destinado a fragmentar (quebrar) cálculos das vias urinárias por meio de ondas mecânicas, conforme o tipo de equipamento.
Nessa técnica, o paciente é colocado deitado em posição dorsal ou ventral (barriga para cima ou para baixo), com a região anatômica onde se encontra o cálculo sobre uma bolha recoberta com gel, por onde as ondas de choque se propagam.
Com ajuda da fluoroscopia (radiografia em tempo real) ou ultrassonografia, o cálculo é posicionado no chamado ponto focal (“mira”). Iniciam-se então os disparos das ondas que se convergem para este foco, levando à fragmentação do cálculo em pedaços menores, passíveis de eliminação espontânea.
É considerado como um procedimento não invasivo, ambulatorial e com baixo índice de complicações.
Quando se trata de condições como pedras nos rins, a obesidade pode representar um desafio adicional. Dependendo do caso, o excesso de peso dificulta o tratamento das pedras por métodos que já demonstraram ser eficazes.
A litotripsia extracorpórea, por exemplo, não obtêm os resultados esperados em pacientes obesos. Justificadamente, a eficácia do método diminui quando a distância entre a pele e o cálculo ultrapassa os 10 centímetros, tornando a LEOC menos eficiente nesses casos.
O tratamento para litíase urinária com melhor retorno para pessoas com o IMC superior a 30, ou o peso acima dos 120 quilos, em alguns casos, pode ser a ureteroscopia, principalmente para aqueles em que pode ser difícil ou contra-indicado realizar a cirurgia percutânea.
Como você viu até aqui, são vários os fatores que contribuem para a formação de pedras nos rins. Portanto, se esses fatores subjacentes não forem tratados ou gerenciados, novas pedras podem se desenvolver.
Após o tratamento, é muito importante a prevenção da formação de novos cálculos, já que as pedras podem surgir de forma recorrente, mesmo após já terem sido tratadas ou removidas por cirurgia.
Estima-se que em 50% dos casos, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), elas podem voltar a aparecer em um período de cinco anos. Por isso, o tratamento efetivo depende mais da investigação da causa específica do que promover a eliminação das mesmas ou tirá-las em uma cirurgia.
Para prevenir a recorrência, é fundamental adotar medidas preventivas, principalmente quem já teve o problema, ou tem casos na família. O principal é dar atenção para a alimentação, pois a composição da urina está diretamente relacionada ao que você come.
As principais ações de mudança nos hábitos alimentares incluem a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e, nos casos em que haja sinais de resistência insulínica, o controle na ingestão de carboidratos.
Além de substituir as comidas prontas por uma dieta à base de alimentos mais naturais, é fundamental aumentar o consumo de líquidos, essencialmente de água. A SBU também aconselha ingerir sucos cítricos, uma vez que eles auxiliam para a prevenção das pedras.
A nutricionista chefe da divisão de clínica urológica do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Nídia Denise Pucci, sugere algumas atitudes para evitar a formação dos cálculos renais com base na alimentação:
Tome água, chás de ervas (camomila, erva-doce, cidreira, hortelã) que podem ser consumidos de forma quente ou gelada e de preferência, com limão. Evite refrigerantes ou sucos em pó e artificiais, pois eles aumentam os riscos de os cálculos se formarem. Nesses casos, é melhor consumir sucos naturais, sem açúcar.
Lembre-se: para avaliar se a quantidade de líquidos consumida está adequada, observe a urina, que sempre deve estar clara e límpida. Caso contrário, a quantidade de líquidos ingerida deverá ser aumentada.
Use o mínimo de sal possível no preparo dos alimentos e não adicione sal na comida.
Prefira temperos naturais de ervas para dar sabor e aroma (orégano, salsinha, cebolinha, limão, coentro, salsão ou outros de sua preferência) e evite: azeitonas, bacalhau, salgadinhos, queijos amarelos, temperos e molhos prontos como catchup, mostarda, shoyu, caldos concentrados, molho inglês, sopas de pacote, cubos de caldos de carne e outros.
Produtos com glutamato monossódico, embutidos (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, salame, paio, carne seca) também devem ficar de fora da dieta. Procure ler os rótulos, pois muitos alimentos industrializados possuem sódio ou glutamato monossódico na composição e não devem ser consumidos.
Consuma frutas pelo menos três a quatro vezes ao dia. Dê preferência à laranja, tangerina e melão. Consuma limonada e laranja preparadas com a fruta natural, pois o ácido cítrico contido nestas frutas pode auxiliar a evitar a formação dos cálculos.
Legumes cozidos ou crus e verduras de folha devem fazer parte das duas refeições principais (almoço e jantar), pois contém vitaminas, minerais e fibras, auxiliando no bom funcionamento intestinal, na prevenção de doenças e no aumento da resistência do organismo.
Além de tudo isso, procure realizar uma atividade física regular, pois isso auxilia na manutenção de um peso saudável e da saúde. Portanto, procure caminhar ou praticar algum tipo de esporte com regularidade.
E lembre-se de manter a hidratação durante as atividades, pois neste momento pode haver o início de algum cálculo renal devido à falta de água!
Essas práticas preventivas visam reduzir efetivamente o risco de recorrência de pedras nos rins e promover a saúde renal a longo prazo. Contudo, recomenda-se buscar aconselhamento médico para estratégias personalizadas com base nas necessidades individuais.
A Uromed está comprometida em oferecer suporte especializado para aqueles que buscam compreender melhor esse problema e suas ramificações. Se você tiver dúvidas ou preocupações sobre este tema, não hesite em entrar em contato com nossa equipe de especialistas.
Material escrito por: Dr. Waltamir Horn Hülse
- Urologista - CRM 4265 RQE 1147
Diretor Técnico na Uromed, o Dr. Waltamir Horn Hülse é formado em medicina pela UFSC e especialista em urologia pelo Hospital Governador Celso Ramos. É membro da Sociedade Brasileira de Urologia, da Associação Brasileira do Assoalho Pélvico e da International Continence Society Seus principais interesses são a uroginecologia e urologia feminina.