Por: Dr. Aguinel José Bastian Júnior
Publicado em 17/04/2022
Existem dois exames usados para diagnosticar o câncer de próstata: o PSA e o toque retal. O primeiro é um exame de sangue realizado para verificar a dosagem de PSA (antígeno prostático específico) no organismo. O segundo é um exame físico que, infelizmente, ainda é visto com preconceito — principalmente, por aqueles que estão iniciando a rotina de cuidados preventivos.
Neste artigo, esclarecemos se é possível fazer apenas o exame de sangue e deixar o exame de toque para o caso de alguma alteração. Continue a leitura e tire as principais dúvidas sobre o tema!
Nos consultórios dos urologistas, é comum aparecerem pacientes que estão iniciando a rotina de prevenção ao câncer de próstata, mas desejam fazer somente o PSA. Isso, no entanto, não é possível.
O exame de toque e o PSA devem ser feitos anualmente e um não exclui o outro. Pelo contrário, os dois são complementares e, dessa forma, considerados eficazes para diagnosticar a doença.
Assim, há situações em que o câncer é detectado pelo toque e outras em que o diagnóstico parte da realização do PSA. A boa notícia é que, quando a doença é detectada antes dos primeiros sintomas, as chances de cura são de até 95%.
Não, pois não existe um valor único de PSA considerado como normal ou um valor de corte que separe os pacientes com e sem câncer. Na verdade, os níveis do PSA no sangue podem variar entre os homens, assim como aumentar ao longo da vida.
Por isso, a avaliação do médico urologista é imprescindível para diagnosticar o câncer de próstata. Somente ele pode dizer se os resultados correspondem ao esperado ou não. Para fazer essa avaliação, o médico leva em consideração os principais fatores de risco para a doença, tais como:
Caso haja alguma alteração no rastreamento, o especialista solicita uma biópsia prostática. Com ela, pode-se descartar ou confirmar a suspeita, bem como definir o estadiamento (extensão) do tumor e traçar a melhor estratégia de tratamento.
Em geral, recomenda-se começar a fazer o rastreamento para o câncer de próstata a partir dos 50 anos de idade, mesmo sem apresentar sintomas. No entanto, homens negros e de qualquer etnia com parentes de primeiro grau acometidos pela doença devem iniciar o acompanhamento mais cedo, aos 40 anos.
Em ambos os casos, os exames continuam até os 75 anos. A partir de então, somente aqueles que têm expectativa de vida superior a dez anos podem continuar realizando-os.
O rastreamento universal é um assunto polêmico. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), indicar exames genericamente, desconsiderando as características individuais (principalmente, idade, cor e histórico familiar) é algo controverso.
O ideal é individualizar as solicitações e a frequência das avaliações, com base em fatores clínicos e nos resultados dos exames de rastreamento. Na prática, pacientes identificados como mais propensos a desenvolver formas graves da doença devem fazer um acompanhamento diferente dos que possuem tumores de baixo risco.
O argumento dos especialistas é o de que tratar um câncer de próstata de baixa agressividade, comprometendo a qualidade de vida, não vale a pena. Isso porque o paciente, provavelmente, conviveria com o tumor por toda a vida sem maiores complicações.
Atualmente, em vez do tratamento convencional, recomenda-se que quem tem um tumor indolente seja submetido a um regime de observação vigilante. O acompanhamento é feito por meio de avaliações periódicas, nas quais são solicitados, novamente, a dosagem do PSA e o exame de toque. Eventualmente, pode-se solicitar, também, uma ressonância magnética da pelve e/ou até uma biópsia da próstata.
Já em casos de tumores de risco moderado ou alto, em pacientes com expectativa de vida superior a dez anos, recomenda-se o tratamento definitivo (geralmente, cirurgia e radioterapia e/ou quimioterapia). Para eles, os ganhos dessa abordagem superam os prejuízos à qualidade de vida, os quais incidem sobre às funções urinária e sexual.
Ir às consultas médicas periódicas, de acordo com o recomendado para suas necessidades, é essencial para qualquer pessoa que deseje cuidar da própria saúde. Porém, não é a única forma de prevenir o aparecimento de doenças.
Para afastar o câncer de próstata, assim como outras neoplasias, deve-se adotar e manter alguns cuidados por toda a vida, deixando-a o mais saudável possível. Um condicionante importante, por exemplo, é a alimentação. Dietas com base em gordura animal, repletas de carnes vermelhas, embutidos, leite e derivados, têm sido amplamente associadas ao aumento do risco de desenvolver a doença. Além disso, a obesidade também é apontada como fator de risco, em especial, para tumores de comportamento mais agressivo.
Em contrapartida, dietas ricas em vegetais, vitaminas D e E, licopeno e ômega-3 são capazes de conferir um efeito protetor contra o câncer de próstata. Ou seja, as escolhas alimentares fazem toda a diferença na saúde masculina.
Sendo assim, tudo o que for feito em benefício próprio, para ter uma rotina com mais saúde, ajuda a viver mais e melhor. Dessa maneira, podem-se dar ao “luxo” de passar mais tempo com quem se ama. Isso, por si só, é motivo mais do que suficiente para ter coragem de diagnosticar o câncer de próstata e combatê-lo desde o início!
E você? Está com os exames em dia ou faz tempo que você não vai ao urologista? Se precisar, conte com a Uromed! Agende sua consulta e faça uma avaliação individualizada em Florianópolis!
Material escrito por: Dr. Aguinel José Bastian Júnior
- Urologista - CRM 5179 RQE 9107
Formado em medicina e mestre em ciências médicas pela UFSC, o Dr. Aguinel Bastian Júnior é doutor pela USP e desde sua especialização dedica-se ao estudo e tratamento onco-urológico. É membro da equipe do NeoUro – Núcleo de Estudos em Onco-urologia da Uromed. Ver Lattes