Por: Dr. Luís Felipe Piovesan
Publicado em 22/04/2025
O câncer de próstata é, mundialmente, o segundo tipo de tumor maligno mais comum em homens. Embora suas causas ainda não sejam totalmente conhecidas, sabe-se que alguns fatores corroboram para o seu surgimento. É o caso, por exemplo, do envelhecimento, da etnia e do estilo de vida pouco saudável.
Neste artigo, reunimos as principais informações sobre a doença. Se você deseja se aprofundar a respeito e esclarecer dúvidas, continue a leitura!
O câncer de próstata é uma neoplasia que se desenvolve nas células da glândula prostática. Essa é responsável por produzir parte do sêmen, o líquido que contém os espermatozoides. Trata-se de um órgão pequeno, que se localiza na parte inferior do abdômen, logo abaixo da bexiga e à frente do reto.
Como mostrado, o câncer de próstata é a segunda neoplasia mais incidente em homens no mundo, ficando atrás, apenas, do câncer de pulmão. Já no Brasil, sua incidência fica atrás, somente, do câncer de pele não melanoma.
Ainda que não se saiba a causa exata do câncer de próstata, pesquisas sugerem fatores hormonais, genéticos, comportamentais e ambientais como predisponentes à doença. Sendo assim, os principais fatores de risco são:
Mas, atenção: pertencer a um ou mais grupos de risco não significa, necessariamente, que o homem irá desenvolver a doença. Da mesma maneira, seu surgimento pode ocorrer em indivíduos que não se encaixam em nenhum desses grupos.
Em 2025, estima-se que 72 mil novos casos de câncer de próstata serão diagnosticados no Brasil, segundo previsão do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A incidência da doença segue aumentando, principalmente, em virtude das melhorias nos métodos diagnósticos e do aumento da expectativa de vida da população. Na prática, quanto mais os homens estão envelhecendo, mais casos desse tipo de tumor.
A maioria dos subtipos de câncer de próstata apresenta crescimento lento, levando cerca de 15 anos para atingir 1 cm³. Por outro lado, alguns tumores podem crescer de forma mais rápida e se espalhar facilmente para outras regiões do organismo. Nesses casos, ossos, fígado, vesículas seminais, bexiga, entre outros, são alguns dos locais que costumam ser atingidos pela doença.
Felizmente, a grande maioria dos tumores prostáticos tem um bom prognóstico, principalmente quando diagnosticados e tratados precocemente. Quando descobertos localizados, ainda sem sintomas, a chance de cura é superior 90%.
Sendo assim, faça sua parte e cuide da saúde. Para isso, a regra é clara: cultive bons hábitos de vida e visite seu médico regularmente.
Em estágio inicial, o câncer de próstata é uma doença silenciosa. Por isso, a realização dos exames preventivos é a melhor forma de avaliar a presença de algum problema e obter um diagnóstico precoce.
Já em estágios mais avançados, pode-se notar alguns sintomas genéricos, ou seja, comuns a diversas outras condições (como hiperplasia prostática benigna, infecção urinária, entre outras). Os mais frequentes são:
Em pacientes com metástase (quando a doença se espalhou para outras regiões do corpo), é possível sentir dores em locais variados. As mais frequentes se manifestam na região lombar, no quadril, na coluna e no tórax.
Vale destacar que, quando há sintomas associados à doença, o tratamento curativo se torna mais difícil. Portanto, não espere sinais para procurar seu urologista. Vá às consultas na idade recomendada, mesmo sem perceber qualquer problema, e faça os exames recomendados.
Existem dois exames que ajudam no diagnóstico da doença: o toque retal e a dosagem de PSA (antígeno prostático específico). Aqui, cabe esclarecer que, ao contrário do que muitos pensam, um não exclui o outro, sendo o exame físico e o teste laboratorial complementares.
Leia também: É possível realizar apenas o exame de sangue para detectar o câncer de próstata?
Como mencionado, o câncer de próstata geralmente acomete homens com mais de 65 anos, sendo considerado raro antes do 40 anos. Por isso, a partir dos 50 anos, recomenda-se que todos façam o referido rastreamento, a fim de viabilizar o diagnóstico precoce. Contudo, se houver fatores de risco associados, o acompanhamento médico deve começar aos 40 anos, com a possibilidade de antecipar o rastreamento.
Normalmente, o PSA é requisitado pelo urologista depois de realizar o toque retal. Se identificar uma zona endurecida e/ou o exame sangue apresentar alguma alteração, o próximo passo é realizar uma biópsia prostática. Essa permite saber se o tumor detectado é benigno ou maligno, bem como determinar seu estadiamento (nível de agressividade e estágio de desenvolvimento).
Para planejar o tratamento, o médico considera a expectativa de vida do paciente, sua condição de saúde geral e o tipo e extensão do tumor. Dependendo desses critérios, pode optar pela cirurgia (prostatectomia radical), por outras terapêuticas (radioterapia, hormonioterapia ou quimioterapia) ou pelo uso de medicamentos específicos.
Outra possibilidade, quando o paciente tem uma idade muito avançada e o tumor evolui lentamente, é indicar apenas o acompanhamento clínico vigilante. Dessa forma, dispensam-se os procedimentos invasivos.
A prostatectomia radical é o procedimento que retira a próstata e as estruturas adjacentes (vesículas seminais, gânglios linfáticos ilíacos e uma pequena porção da bexiga em contato com a glândula). A abordagem pode ser feita por meio de três técnicas:
Seja qual for a técnica adotada, a retirada da glândula e, consequentemente, do tumor, é sempre realizada com segurança. Mas, cada abordagem possui vantagens e desvantagens, devendo ser discutidas, previamente, com o médico responsável.
Os portadores de câncer de próstata para os quais a cirurgia é indicada têm boas chances de se curar da doença. Estudos mostram que pacientes que receberam o diagnóstico do tumor no primeiro estágio e se submeteram à mesma foram curados no período de cinco anos.
No entanto, sabe-se que o procedimento cirúrgico pode provocar disfunção erétil e incontinência urinária. A diminuição da função erétil acomete, com maior frequência, pacientes com mais de 70 anos. Mas, também pode ocorrer, em até 50%, em homens na faixa dos 55 e 65 anos, e, até em 15%, naqueles com menos de 55 anos.
A incontinência urinária, por sua vez, aparece com uma frequência muito menor. Quando a cirurgia é realizada por equipes especializadas e experientes, esse tipo de problema não ultrapassa 5% dos pacientes operados.
A indicação terapêutica é individualizada, variando conforme as condições do paciente e o estágio da doença. De maneira geral, funciona assim:
Veja também: Quando é indicada a quimioterapia para o câncer de próstata?
Após o tratamento, a maioria dos pacientes consegue retomar a rotina — mesmo em intervenções mais radicais, como a retirada da glândula. Mas, independentemente da terapêutica adotada, é importante que todos mantenham o acompanhamento médico regular. Isso possibilita ter acesso à conduta de recuperação ideal para cada caso, além de reduzir as chances de reincidência da doença, colaborando com uma melhor qualidade de vida.
Saiba mais em: Confira 6 mitos e verdades sobre o câncer de próstata
Em relação à vida sexual, diversos fatores determinam o comprometimento do aparelho reprodutor. Entre eles, destacam-se a localização e o tamanho do tumor, bem como o tipo de tratamento utilizado.
Quando há a retirada completa da próstata, a capacidade de ereção retorna aos poucos — em média, em até dois anos. Isso porque, em alguns casos, as fibras nervosas que rodeiam a glândula e controlam a função erétil podem ser afetadas.
Mas, isso não é regra. Afinal, a capacidade de recuperar o controle da ereção também depende da idade e da qualidade da função erétil anterior à cirurgia.
Por não apresentar sintomas no início da doença, a melhor forma de prevenir o câncer de próstata é manter uma rotina regular de cuidados com a saúde. Isso exige a adoção de hábitos saudáveis, bem como a realização do check-up urológico anual.
Em relação ao primeiro, sabe-se que uma dieta pobre em gorduras, principalmente, as de origem animal, ajuda a diminuir o risco de câncer e de outras doenças crônicas não-transmissíveis. Portanto, mantenha uma alimentação rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais.
Da mesma maneira, recomenda-se praticar, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física. Também é preciso beber bastante água, zelar pela qualidade do sono e encontrar formas de minimizar o estresse.
Além disso, é imprescindível abandonar o cigarro, pois fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver um câncer, quando comparados aos não-fumantes. Outra medida altamente indicada é diminuir (ou eliminar) o consumo de bebidas alcoólicas.
Quanto ao check-up urológico, o início do rastreamento do câncer de próstata é indicado pelo urologista individualmente, conforme as condições de cada paciente. Nos casos em que homens da família tiveram a doença e/ou existem outros fatores predisponentes importantes, o controle costuma iniciar aos 40 anos. Já para aqueles fora dos quesitos de risco, os exames preventivos começam a partir dos 50 anos.
Quanto mais cedo um caso de câncer de próstata for diagnosticado, maiores as chances de cura e de manutenção da vida normal, inclusive, da função sexual. Dessa maneira, não espere sentir algo diferente para procurar ajuda, pois, como explicado, esse tipo de tumor não apresenta sinais ou sintomas no início, avançando silenciosamente. Por outro lado, se detectado tardiamente, o tratamento se torna mais difícil e menos efetivo.
Sendo assim, consultar um urologista, realizar os exames e repetir essa atitude anualmente é um autocuidado mais que necessário e suficiente para se manter saudável. Lembre-se disso quando pensar em faltar ou deixar de agendar a próxima ida ao médico!
Atualmente, existem diversas campanhas de conscientização sobre a importância da detecção precoce do câncer. Uma das mais conhecidas é a Novembro Azul, dedicada, justamente, à conscientização sobre o câncer de próstata e estímulo ao autocuidado.
Você tem mais de 50 anos? Ou ainda não chegou a essa idade, mas apresenta outros fatores de risco bem estabelecidos (histórico familiar positivo e/ou afrodescendência)? Nesses casos, consulte um urologista o quanto antes.
Para encontrar um profissional de confiança, dirija-se a uma clínica de referência na área, de preferência, com anos de trajetória e especialistas em urologia oncológica. Se estiver em Florianópolis, SC, conte com a equipe da Uromed – Clínica do Aparelho Gênito-Urinário e faça seu acompanhamento com quem mais entende de saúde masculina!
Para concluir, tenha em mente que ignorar a possibilidade de ter um câncer de próstata não é uma estratégia segura ou eficiente. Vale muito mais a pena seguir as orientações dos especialistas sobre prevenção e diagnóstico precoce e, se necessário, encarar o problema de frente. Afinal, como mostramos, as chances de vencê-lo, sem maiores complicações, são imensas!
Esperamos que o assunto tenha ficado claro. No entanto, se ainda restarem dúvidas a respeito, entre em contato para que possamos ajudar. A equipe da Uromed está à sua disposição!
Material escrito por: Dr. Luís Felipe Piovesan
- Urologista - CRM 8402 RQE 4270
Formado em medicina pela UFSC, o Dr. Luís Felipe Piovesan é especialista em urologia pela Fundació Puigvert, Barcelona, e doutor em urologia pela USP. É coordenador científico do Hospital Governador Celso Ramos e foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção SC. Seus principais interesses são a urologia oncológica e tumores urológicos. Ver Lattes