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Por: - Urologista - CRM/SC 12492 RQE 10675
Publicado em 16/11/2023

Mitos e verdades sobre o câncer de próstata

Mitos e verdades sobre o câncer de próstata

Existem muitos mitos e verdades sobre o câncer de próstata, o que pode gerar falta de informação e conhecimento sobre a condição. Por esse motivo, muitas pessoas se mostram resistentes a procurar um especialista em urologia para preveni-lo e tratá-lo.

Para contribuir com a propagação de informações corretas e ajudar a orientar as pessoas com dúvidas sobre o problema, vamos esclarecer o que é essa condição, seus sintomas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento. Mais do que isso, abordaremos sobre os mitos e verdades do câncer de próstata.

O câncer de próstata

A próstata é uma glândula pequena do sistema reprodutor masculino, responsável por produzir o líquido seminal que nutre e transporta os espermatozoides. O câncer de próstata ocorre quando as células da próstata começam a se multiplicar de maneira descontrolada.

Essas células cancerígenas podem se espalhar para outras partes do corpo, tornando-se uma ameaça à saúde. Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de próstata é a forma mais prevalente de câncer entre os homens, sendo responsável por cerca de 28,6% das mortes na população masculina que enfrentam diagnósticos de neoplasias malignas.

O câncer de próstata é conhecido por ser uma doença silenciosa em seus estágios iniciais, muitas vezes não apresentando sintomas perceptíveis. No entanto, à medida que a doença progride, podem surgir sinais que merecem atenção.

Entre os sintomas mais comuns, destacam-se:

  • problemas urinários;
  • sangue na urina ou sêmen;
  • dor ou desconforto ao urinar.

É essencial entender que esses sintomas também podem estar relacionados a outras condições benignas da próstata, como a hiperplasia prostática benigna (HPB). Portanto, a presença desses sinais não confirma a presença de câncer, mas deve motivar uma consulta médica para avaliação adequada.

Mitos e verdades do câncer de próstata

É importante reconhecer que, muitas vezes, os mitos sobre o câncer de próstata podem obscurecer a importância da detecção precoce e do diagnóstico preciso. Alguns mitos podem levar os homens a ignorar sintomas preocupantes, enquanto outros podem criar falsas expectativas sobre a eficácia de certos métodos de prevenção.

Por isso, separamos algumas respostas para os mitos e verdades sobre o câncer de próstata. Continue lendo para saber mais!

O câncer de próstata tem cura?

Como dito anteriormente, esse câncer é um dos tipos mais comuns em homens após a meia-idade. Porém, se diagnosticado precocemente, o paciente pode ter chances de cura maiores que 90%.

Sua ocorrência é muito comum?

Verdade. O câncer de próstata, no Brasil, é a segunda forma mais frequente de câncer diagnosticada em homens, ficando apenas atrás do câncer de pele não melanoma em termos de incidência. Segundo dados do INCA, estima-se 72 mil novos casos de câncer de próstata a cada ano no país.

Todos os diagnósticos são iguais?

Mito. São necessários vários exames antes de se definir o diagnóstico do câncer de próstata, entre eles o exame de toque retal, o exame de PSA e a biópsia da próstata.

Inicialmente, o toque retal é empregado para avaliar o tamanho da próstata, sua textura e a possível detecção de áreas endurecidas na glândula. Paralelamente, é realizado o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico), que consiste na análise do nível dessa proteína no sangue, a qual é produzida pelas células prostáticas.

Quando há anomalias detectadas no toque retal ou elevações nos valores do PSA, o próximo passo é a realização de um ultrassom transretal e uma biópsia da próstata. A biópsia envolve a coleta de pequenas amostras de tecido prostático para uma análise mais detalhada.

Somente após esses procedimentos, o diagnóstico pode ser confirmado. Em certos casos, podem ser necessários exames adicionais, como ressonância magnética, cintilografia óssea e o PET Scan, para avaliar a extensão da doença e orientar o tratamento adequado.

O câncer de próstata apresenta sintomas na fase inicial?

Mito. Na fase inicial da doença, a grande maioria dos casos não apresentam sintomas. Em 95% dos casos os sinais da doença aparecem em estágio avançado. Portanto, para acompanhar estes sintomas, é importante fazer consultas frequentes e intervenções ativas.

Exames preventivos são recomendáveis?

Verdade. Mesmo na ausência de sintomas, homens que têm a partir de 45 anos devem ir anualmente ao urologista. Mas, se houver histórico familiar, a idade diminui para 40 anos.

A detecção precoce aumenta as chances de tratamento?

Verdade. Ao ser detectado no início, as chances de cura são bem maiores, pois o tratamento impede que essas células se espalhem para outros órgãos, além do tratamento ser bem menos agressivo.

A vida sexual do paciente pode ser afetada?

A cirurgia de próstata traz efeitos que podem afetar o relacionamento. Ocorre que as dificuldades relativas ao desempenho sexual, devido à disfunção erétil (mesmo que transitória), e a possibilidade de ficar infértil, podem causar um alto grau de estresse, angústia e ansiedade.

risco de disfunção erétil durante o tratamento existe, mas tende a ser menor quanto mais cedo a doença for detectada. Ela pode ser temporária, mas, se for permanente, há medicamentos, próteses e implantes que funcionam bem.

O tratamento de câncer de próstata pode causar impotência?

Verdade. O tratamento realmente pode levar à impotência. No entanto, nem todos os pacientes tratados ficam impotentes, sendo que vários fatores interferem, como idade do paciente, tipo de tratamento, etc.

O câncer de próstata pode ser hereditário?

Verdade. Vários fatores podem ser responsáveis pelo câncer de próstata, e a hereditariedade é um deles. Principalmente se houver dois ou mais parentes de primeiro grau com a doença, e se esta for descoberta antes de seus 60 anos.

Quando algum desses critérios estiver presente, o risco de desenvolver a doença é bem mais elevado para os indivíduos dessa família.

Após o tratamento, é preciso continuar tomando medicamentos?

Depende. Se o caso exigir a prostatectomia radical e ela for considerada curativa, não será necessário o uso de nenhum medicamento adicional.

Havendo o comprometimento de margens, vesículas seminais ou linfonodos, pode ser indicado o tratamento com radioterapia e, às vezes, recomenda-se o bloqueio androgênico. Além disso, o médico deve personalizar o período de acompanhamento e os exames necessários em função da idade do paciente, da proporção e do estágio do câncer.

De modo geral, os exames de rotina sempre serão necessários. Basicamente serão realizados a dosagem do PSA, ultrassonografias e radiografias, ou cintilografia óssea (quando existem sintomas ou elevação significativa do PSA).

É importante destacar que muitos casos de câncer de próstata são diagnosticados apenas com o exame de toque retal, uma vez que é rápido e praticamente indolor, ou o exame de sangue.

Agora que você já tem muitas informações sobre o assunto, que tal procurar seu médico para realizar um exame? Lembre-se que a conscientização e a educação são essenciais para combater essa doença.

É muito importante conhecer os mitos e verdades do câncer de próstata para estar bem informados e não acreditarem em tudo o que está disponível na internet. Se você tiver dúvidas sobre o câncer de próstata, sintomas preocupantes ou precisar de orientações sobre exames de rotina, não hesite em entrar em contato conosco.

 

Material escrito por:
- Urologista - CRM/SC 12492 RQE 10675

Dr. Ricardo Kupka é formado em medicina pela UFSC. Especialista em urologia e cirurgia geral no Hospital Governador Celso Ramos. Realizou fellowship em Uro-Oncologia pela USP e Hospital Sírio Libanês, e o doutorado em Urologia na USP. É membro da NeuUro - Núcleo de Estudos em Onco-urologia da Uromed. Seus principais interesses são urologia oncológica e tumores urológicos.   Ver Lattes